29 de junho de 2011

Diferença Lógica Entre Religião e Espiritualidade






A religião não é apenas uma, são centenas.

A espiritualidade é apenas uma.

A religião é para os que dormem.

A espiritualidade é para os que estão despertos.



A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.

A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.

A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.

A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.



A religião ameaça e amedronta.

A espiritualidade lhe dá Paz Interior.

A religião fala de pecado e de culpa.

A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro"..



A religião reprime tudo, te faz falso.

A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!

A religião não é Deus.

A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.



A religião inventa.

A espiritualidade descobre.

A religião não indaga nem questiona.

A espiritualidade questiona tudo.



A religião é humana, é uma organização com regras.

A espiritualidade é Divina, sem regras.

A religião é causa de divisões.

A espiritualidade é causa de União.



A religião lhe busca para que acredite.

A espiritualidade você tem que buscá-la.

A religião segue os preceitos de um livro sagrado.

A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.



A religião se alimenta do medo.

A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.

A religião faz viver no pensamento.

A espiritualidade faz Viver na Consciência..

A religião se ocupa com fazer.

A espiritualidade se ocupa com Ser.

A religião alimenta o ego.

A espiritualidade nos faz Transcender.



A religião nos faz renunciar ao mundo.

A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.

A religião é adoração.

A espiritualidade é Meditação.



A religião sonha com a glória e com o paraíso.

A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.

A religião vive no passado e no futuro.

A espiritualidade vive no presente.



A religião enclausura nossa memória.

A espiritualidade liberta nossa Consciência.

A religião crê na vida eterna.

A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.



A religião promete para depois da morte.

A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.



Texto é do Prof. Dr. Guido Nunes Lopes, que escreve em seu blog:


Sou graduado em Licenciatura e Bacharelado em Física pela Universidade Federal do Amazonas (FUAM, 1986), Mestrado em Física Básica pelo Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IF São Carlos, 1988) e Doutorado em Ciências em Energia Nuclear na Agricultura pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (CENA, 2001). Fui fundador e editor chefe (2004 a 2009) da Revista Brasileira de Agroambiente Agro@mbiente On-line (ISSN 1982-8470) do CCA /UFRR, e atualmente sou membro dos Conselhos Editoriais dos Períodicos: Revista Cathedral (impressa, ISSN 1808-2289), Ambiente: Gestão e Desenvolvimento (revista on-line, ISSN 1981-4127) e Mens Agitat (impressa, ISSN 1809-4791). Sou docente adjunto do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Roraima e membro titular fundador da Academia Roraimense de Ciências. Tenho experiência na área de Física Aplicada, com ênfase em informações sobre átomos e moléculas obtidos experimentalmente; instrumentação e técnicas analíticas, atuando principalmente nos seguintes temas: energias renováveis, tecnologia de irradiação, irrigação magnética e sistemas de informações.




















22 de junho de 2011

Kundalini e o Terceiro Olho [Vajroli]


                                                            
O casal Tântrico recebe do Guru uma versão inteiramente diferente da compreensão usual do que é o sexo bem-sucedido. Enquanto as massas da humanidade profundamente envolvidas em atividades sexuais buscam o sexo com o propósito de atingir o clímax, ocorre exatamente o oposto com os amantes tântricos. Na atividade usual das massas, macho e fêmea unem-se em um pânico aparentemente frenético para atingir o que acreditam ser o sucesso supremo - o clímax, o orgasmo.
O par Tântrico é treinado para alcançar um objetivo inteiramente diferente. Em primeiro lugar, enfatiza-se a consciência de que deve  ocorrer a união não apenas dos órgãos físicos, mas também dos níveis emocional, mental, psíquico e espiritual. Assim, o casal Tântrico procura expressar o amor não apenas fisicamente, mas mental, emocional, psíquica e, por fim, espiritualmente.
O Instrutor, guiando o par Tântrico em direção à Tantra ioga, instrui-o segundo um método ióguico através do qual o controle respiratório e os fechos musculares são empregados durante o intercurso, num esforço de converter o clímax sexual em conservação do fluido seminal e não seu desperdício fora do corpo. A perda promíscua e excessiva do fluido seminal torna difícil à mente absorver conhecimento e sabedoria, simplesmente porque é negada às células cerebrais a sua porção de essência ascendente do sêmen - chamada ojas . A referência de sêmen inclui os fluidos reprodutivos tanto do homem quanto da mulher, porque a mulher possui sêmen assim como o homem - ou um fac-símile do mesmo - embora os fluidos difiram em consistência. É mais abundante no macho, contendo esperma, a semente germinativa masculina. Na fêmea é mais sutil, menos óbvio e de qualidade diferente. Nos ensinamentos hindus, o sêmen masculino é chamado de virya. O feminino é raja virya. Mas tanto os devotos homens como mulheres praticam os mesmos kriyas e mudras para atingir a ascenção e a transformação dos fluidos reprodutivos. A força vital - a força de kundalini - que permeia o sêmen é chamada ojas. É essa essência sutil que se eleva por sushumna, e não a substância gelatinosa do sêmen. Ojas sobe, separa-se e escapa da substância do sêmen tão sutilmente como o ar aquecido sobe em direção ao teto de um aposento e escapa em forma de vapor. Sua transmutação, sua força aumentada e finalmente sua ascenção através de sushumna são atingidas através do controle da respiração, do controle da mente e controle muscular físico nos fechos do corpo. 
Esta transmutação seminal é, com efeito, o principal propósito de toda meditação. Inicialmente, há o desejo de "unir-se com Deus". À medida que a meditação prossegue, o aspirante geralmente tenta, por meio de várias técnicas - controle respiratório (pranayama), cantos, etc. - elevar Kundalini e abrir o Terceiro Olho. Uma vez que a Kundalini tenha sido desperta, pode acontecer um dia que, durante a meditação, ocorra um momento em que o virya ojas comece automaticamente a elevar-se na direção do chakra do umbigo, trazendo uma sensação de alegria indescritível. Após mover-se lentamente para cima, para atingir o chakra da Coroa, volta-se e começa fluir novamente para baixo. Chegando ao chakra raiz, torna a elevar-se outra vez repetindo um ciclo contínuo. Este processo é conhecido como Urdhvareta .
O devoto, durante a meditação, é capaz de discernir quando quando a essência ojas do fluido seminal está fluindo para cima, na direção do coração. Conforme avança em seu pranayama e meditação, um dia irá experimentar o kriya interior chamado vajroli . Há uma sensação distinta de que um clímax sexual está por ocorrer, mas a essência do fluido está-se elevando na direção do cérebro. Atingindo o chakra da Coroa, traz insuperável bem-aventurança. O devoto a conhece porque experimenta uma espécie de orgasmo sexual dentro da cabeça, com a união das glândulas pituitárias e pineal no terceiro ventrículo. Quando esse processo está por ocorrer, não é incomum que os músculos abdominais e os órgãos da região pélvica sejam puxados fortemente para cima e uma cavidade se forme no centro do abdome. À medida que ojas passa em sua ascenção, os órgãos e músculos afrouxam sua tensão e relaxam.



Eis uma citação direta da Escritura Sagrada chamada Hatha Ioga Pradipika:
      
O mestre Vajroli alcança Siddhi (poderes psíquicos) por seus próprios esforços, mesmo quando não segue precisamente as regras da ioga. Por isso, são necessárias duas coisas difíceis de encontrar. Uma é o leite e a outra é o co-praticante bem na faixa de comunicação. O Bindu (a essência do sêmen) deve ser puxado para cima por contração, seja para o homem, seja para a mulher. Quem pratica Vajroli alcança Siddhi.

O Bindu do clímax deve ser retido e preservado no próprio cérebro. Aquele que for capaz de reter o clímax torna-se mestre da morte e conhecedor da ioga, pois a descarga de Bindu traz a depressão e suas consequências, enquanto a retenção traz a vitalidade, vigor, poder e concentração. Se o Bindu está firme, onde está então o temor da morte? O Bindu que é controlado pelo poder da mente confere vida. Por essa razão, o Bindu deve ser cuidadosamente controlado. O orgasmo deve ser preservado pela poderosa contração dos órgãos genitais.

O verdadeiro Samadhi é experimentado somente depois que a essência ojas do fluido seminal começa a se elevar. Os chakras e nervos etéricos - ida, pingala e sushumna - têm exatamente a mesma estrutura no homem e na mulher. O poder da Kundalini é também o mesmo. A única coisa que difere, como dissemos, é a consistência do fluido seminal. Nesta era da Kali Yuga (a Idade Cósmica, ou ciclo de tempo, através do qual a humanidade está passando em nosso planeta Terra), o homem parece não entender a suprema importância de conservar o fluido seminal. Considerando que uma gota infinitesimal contém inúmeras sementes germinativas, uma das quais, implantada no óvulo feminino, começa a formação de uma nova forma humana - certamente isso fala de seu misterioso poder criativo. Cada gota é preciosa. Com a prática seja da continência (auto-restrição), seja do celibato (negativa total), seja do Tantra, a meditação torna-se mais fácil. Quando o homem aprende a conservar e transmutar os fluidos do sêmen, gera dentro de si a essência vital necessária para reter a juventude indefinidamente. Perda  de sêmen significa perda de força, beleza, juventude, magnetismo, poder curativo e radiância interna e externa. Portanto, cada aspirante é instruído por seu guru a entesourar e conservar cada gota do fluido de ouro.


Fonte: Kundalini e a Terceira Visão - Editora Record
Earlyne Chaney e William L. Messick

13 de maio de 2011

Campos Morfogenéticos e Egrégoras





A hipótese dos campos morfogenéticos foi formulada por Rupert Sheldrake. Segundo o holismo, os campos morfogenéticos são a memória coletiva a qual recorre cada membro da espécie e para a qual cada um deles contribui.
Morfo vem da palavra grega morphe que significa forma. O campos morfogenéticos são campos de forma; padrões ou estruturas de ordem. Estes campos organizam não só os campos de organismos vivos mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico -a hemoglobina , um campo de insulina, etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campo mórfico. Estes campos são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro da natureza…”
Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia , e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois tido sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente. ”
Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processos de energia cujos resultados são incertos ou probabilísticos. Os Campos Mórficos funcionam modificando eventos probabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é rigidamente determinada. Os Campos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramente aleatórios. Em vez de uma grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma que certas coisas acontecem em vez de outras. É deste modo como eu acredito que eles funcionam.
“Campos mórficos são laços afetivos entre pessoas, grupos de animais – como bandos de pássaros, cães, gatos, peixes – e entre pessoas e animais. Não é uma coisa fisiológica, mas afetiva. São afinidades que surgem entre os animais e as pessoas com quem eles convivem. Essas afinidades é que são responsáveis pela comunicação.”
Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável mas que muda ao mesmo tempo, que muda o sistema com o qual esta associado. O campo morfogenetico de uma samambaia tem a mesma estrutura que o os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmo tipo. Os campos morfogenéticos de todos os sistemas passados se fazem presentes para sistemas semelhantes e influenciam neles de forma acumulativa através do espaço e o tempo.
A palavra chave aqui é ” hábito “, sendo o fator que origina os campos morfogenéticos . Através dos hábitos os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando causa deste modo às mudanças estruturais dos sistemas aos que estão associados. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material.
Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfico específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.
Sua atuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos uma folha de papel sobre um ímã e espalhamos pó de ferro em cima dela, os grânulos metálicos distribuem-se ao longo de linhas geometricamente precisas. Isso acontece porque o campo magnético do ímã afeta toda a região à sua volta. Não podemos percebê-lo diretamente, mas somos capazes de detectar sua presença por meio do efeito que ele produz, direcionando as partículas de ferro. De modo parecido, os campos mórficos distribuem-se imperceptivelmente pelo espaço-tempo, conectando todos os sistemas individuais que a eles estão associados.
A analogia termina aqui, porém. Porque, ao contrário dos campos físicos, os campos mórficos de Sheldrake não envolvem transmissão de energia. Por isso, sua intensidade não decai com o quadrado da distância, como ocorre, por exemplo, com os campos gravitacional e eletromagnético. O que se transmite através deles é pura informação. É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado por toda a espécie.
O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de “ressonância mórfica”. Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva. Em nosso exemplo, a ressonância mórfica entre macacos da mesma espécie teria feito com que a nova técnica de quebrar cocos chegasse à ilha “B”, sem que para isso fosse utilizado qualquer meio usual de transmissão de informações.
Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma atividade mental superior, focalizada e intencional que relaciona dois ou mais indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, ao contrário, é um processo básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo. Sheldrake apresenta um exemplo desconcertante dessa propriedade.
Quando uma nova substância química é sintetizada em laboratório – diz ele -, não existe nenhum precedente que determine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das características da molécula, várias formas de cristalização são possíveis. Por acaso ou pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, uma dessas possibilidades se efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que isso ocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a ressonância mórfica gerada pelos primeiros cristais faz com que a ocorrência do mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquer laboratório do mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que aconteça novamente em experimentos futuros.
Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado tanta polêmica. Em 1981, quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida de maneira diametralmente oposta pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientist elogiava o trabalho como “uma importante pesquisa científica”, a Nature o considerava “o melhor candidato à fogueira em muitos anos”.
Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma larga experiência de vida, Sheldrake já era, então, suficientemente seguro de si para não se deixar destruir pelas críticas. Ele sabia muito bem que suas idéias heterodoxas não seriam aceitas com facilidade pela comunidade científica. Anos antes, havia experimentado uma pequena amostra disso, quando, na condição de pesquisador da Universidade de Cambridge e da Royal Society, lhe ocorreu pela primeira vez a hipótese dos campos mórficos. A idéia foi assimilada com entusiasmo por filósofos de mente aberta, mas Sheldrake virou motivo de gozação entre seus colegas biólogos. Cada vez que dizia alguma coisa do tipo “eu preciso telefonar”, eles retrucavam com um “telefonar para quê? Comunique-se por ressonância mórfica”.
Era uma brincadeira amistosa, mas traduzia o desconforto da comunidade científica diante de uma hipótese que trombava de frente com a visão de mundo dominante. Afinal, a corrente majoritária da biologia vangloriava-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e fazia do DNA uma resposta para todos os mistérios da vida.
A realidade, porém, é exuberante demais para caber na saia justa do figurino reducionista.
Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado?
A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos e que tal fato depende das interações de cada célula com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células do aglomerado e o meio ambiente). É preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças para engolir uma “explicação” dessas. Como é que interações entre partes vizinhas, sujeitas a tantos fatores casuais ou acidentais, podem produzir um resultado de conjunto tão exato e previsível? Com todos os defeitos que possa ter, a hipótese dos campos mórficos é bem mais plausível.
Uma estrutura espaço-temporal desse tipo direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes.
Ação modesta
A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macro-moléculas. Os genes ditam essa estrutura primária e ponto.
“A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos organismos não estão programadas no código genético”, afirma Sheldrake. “Dados os genes corretos, e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente. Isso é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontaneamente.”
A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e os organismos seria ditada por um tipo particular de campo mórfico: os chamados “campos morfogenéticos”. Se as proteínas correspondem ao material de construção, os “campos morfogenéticos” desempenham um papel semelhante ao da planta do edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações dessa analogia. Porque a planta é um conjunto estático de informações, que só pode ser implementado pela força de trabalho dos operários envolvidos na construção. Os campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interação com os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância mórfica.
Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo.
Forma original
O sucesso da operação independe da forma como o pequeno verme é seccionado. O paradigma científico mecanicista, herdado do filósofo francês René Descartes (1596-1650), capota desastrosamente diante de um caso assim. Porque Descartes concebia os animais como autômatos e uma máquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo como o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas.
A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nas cabeças de vários biólogos durante a década de 20. O que Sheldrake fez foi generalizar essa idéia, elaborando o conceito mais amplo de campos mórficos, aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs também a existência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de explicar o surgimento e a transformação dos campos mórficos. Não é difícil perceber os impactos que tal processo teria na vida humana. “Experimentos em psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam“, informa Sheldrake.
Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou que uma figura oculta numa ilustração em alto constraste torna-se mais fácil de perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas. Isso foi verificado numa pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983. Em duas ocasiões, os pesquisadores mostraram as ilustrações 1 e 2 a pessoas que não conheciam suas respectivas “soluções”. Entre uma enquete e outra, a figura 2 e sua “resposta” foram transmitidas pela TV. Verificou-se que o índice de acerto na segunda mostra subiu 76% para a ilustração 2, contra apenas 9% para a 1.
Aprendizado
Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa a pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. “Métodos educacionais que realcem o processo de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado”, conjectura Sheldrake. E essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York dirigida pelo matemático e filósofo Ralph Abraham.
Outra conseqüência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de Carl Gustav Jung e Stanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou transpessoais da psique, receberiam um notável reforço, em contraposição ao modelo reducionista de Sigmund Freud (leia o artigo “Nas fronteiras da consciência”, em Globo Ciência nº 32).
Sem excluir outros fatores, o processo de ressonância mórfica forneceria um novo e importante ingrediente para a compreensão de patologias coletivas, como o sadomasoquismo e os cultos da morbidez e da violência, que assumiram proporções epidêmicas no mundo contemporâneo, e poderia propiciar a criação de métodos mais efetivos de terapia.
“A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal”, afirmou Sheldrake a Galileu. “Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina. Pois nossas ações podem influenciar os outros e serem repetidas”.
De todas as aplicações da ressonância mórfica, porém, as mais fantásticas insinuam-se no domínio da tecnologia. Computadores quânticos, cujo funcionamento comporta uma grande margem de indeterminação, seriam conectados por ressonância mórfica, produzindo sistemas em permanente transformação. “Isso poderia tornar-se uma das tecnologias dominantes do novo milênio”, entusiasma-se Sheldrake.
Uma das primeiras experiências levadas a cabo por Sheldrake foi a dos ratos no laboratório. Foi recapturado do tempo em que ele começou a considerar os campos morfogeneticos. Consiste em ensinar a um grupo de ratos uma certa aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, por exemplo, Londres, para logo observar a habilidade de outros ratos em outro lugar então, por exemplo, Nova Iorque, deixar o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosas ocasiões dando resultados muito positivos.

O famoso CAMPO!!! ( Ou, da mesma maneira, como na formação da subjetividade por repetição, como acreditava Gilles Deleuze, a palavra-chave aqui é ” hábito “, fator original dos campos morfogenéticos. Através dos hábitos, os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando causa deste modo às mudanças estruturais dos sistemas a que estariam associados).


Replicado de Teoria da Conspiração.

22 de abril de 2011

Ariano Suassuna fala sobre a vida e a arte







SERÁ QUE UMA OBRA DE ARTE precisa mesmo de explicações do autor para enfrentar o público? Será que a visão que o autor tem de sua obra não é a mais deformada de todas? Não sei, mas acredito que é muito difícil, sem traição a ela, explicar ou ordenar os múltiplos aspectos e sentidos que tem — ou pelo menos deve ter — uma peça de teatro. O fato é que a peça é um tumulto, e as opiniões que se formam em torno dela é outro; o que, de certa forma, nos autoriza a procurar, na medida do possível, um sentido para aquilo que talvez nenhum sentido claro possua.
Com isso, não quero dizer que, ao escrever a peça, tenha conseguido fazer tudo o que pretendi ao imaginá-la. E quem o consegue? A obra que se apresenta ao público, qualquer que seja ela, é o resultado de duas derrotas: a primeira, porque o artista jamais conseguirá se equiparar à mobilidade, à vida, à riqueza, à contínua invenção da realidade; a segunda, porque depois de inventar sua obra — que não é senão uma tentativa de resposta domada, clarificada e ordenada ao que o mundo contém de feroz, de disperso e selvagem — nunca consegue ele imprimir na obra tudo o que desejou e entreviu no momento da criação.
Mal saído dessas duas derrotas, o artista entrega a obra ao público e à crítica.   E ei-lo diante de algo misterioso, terrível e perturbador, porque absolutamente imprevisível.
Às vezes, a obra é aceita pelo público e recusada pela crítica, às vezes acontece o contrário, às vezes ambos se juntam, a favor ou contra. Às vezes, depois de um julgamento que parecia definitivo, ambos se arrependem.
Na maioria dos casos, porém — e isso é, para mim, o mais incompreensível —, tanto o público como a crítica se dividem.  Uma vez, um amigo me mandou um recorte de jornal com o resultado de uma estatística dessas que certas organizações costumam fazer com inquéritos, junto ao público, na saída dos espetáculos. O resultado foi, para mim, algo surpreendente e terrificante. Eu nunca vira nenhuma delas; aceitaria de bom grado que as opiniões fossem unânimes, contra ou a favor. Mas nada disso acontecia. A peça considerada melhor pela estatística apresentava o seguinte resultado: 58 pessoas tinham dito que ela era ótima, 34 que era boa, três que era simplesmente regular e cinco que era decididamente ruim. Da peça considerada estatisticamente pior, o resultado era o seguinte: 18 pessoas tinham-na considerado má, 31 regular, 33 boa e 18 ótima.
Meu Deus, que misterioso critério de julgamento levou aquelas cinco pessoas a considerarem mau um espetáculo que outras 58 diziam ser ótimo e outras 34 diziam ser bom? E que outra imprevisível escala de apreciação levou, no segundo caso, aquelas 18 pessoas a acharem ótima uma peça que outras 18 achavam decididamente má?
É para nos desanimar, é mesmo para tirar conclusões pouco democráticas, no domínio da arte. Mas assim vai o mundo, e, ao que parece, pior do que o escuro em que nos debatemos é a mania de ser dono da luz. Assim, confessando que talvez esteja ainda mais no escuro do que os outros sobre o que faço, tento aqui a ordenação — ou uma das ordenações possíveis — para o mundo tumultuoso que inventei, não sei bem por que nem para quê.
Para isso, gostaria de esclarecer que, em certo sentido — e somente assim, porque, no fundo, isto ê uma simples história —, O santo e a porca apresenta a traição que a vida, de uma forma ou de outra, termina fazendo a todos nós. A vida é traição, uma traição contínua. Traição nossa a Deus e aos seres que mais amamos. Traição dos acontecimentos a nós, dentro do absurdo de nossa condição, pois, de um ponto de vista meramente humano, a morte, por exemplo, não só não tem sentido, como retira toda e qualquer possibilidade de sentido à vida.
É desta traição que Euricão Arábe subitamente se apercebe, é esta visão perturbadora e terrível que lhe aponta os homens como escravos — como escravos  fundamentais e não só do ponto de vista social, como um crítico entendeu apontava —, isto é, como eles próprios se veriam a instante, não fossem as preocupações, a cegueira voluntária e involuntária, as distrações e divertimentos, a covardia, tudo enfim que nos ajuda a "ir levando a vida" enquanto a morte não chega e que faz desta aventura — que se fosse sem Deus era sem sentido — um aglomerado suportável de cotidiano.
Para indicar isso, aproveitei, entre outras coisas, a circunstância de ser Euricão Engole-Cobra um estrangeiro, um "arábe", como se diz, no sertão, dos sírios, árabes e turcos enraizados, e insinuei, através disso, nossa própria condição de desterrados: "Não temos, aqui, cidade permanente" (Hebreus 13,14). Detesto os símbolos: quando Euricão fala nisso, não está simbolizando nada nem ninguém, o que prejudicaria, a meu ver, sua vida de personagem de teatro; está aludindo a uma circunstância real, pelo que me permiti essa exceção que, não prejudicando a vida e a verdade do personagem Euricão, pôde servir para dar à perda da porca o sentido do absurdo de toda a vida. Porque a perda da porca é muito grave no caso particular dele. Euricão sacrificou toda a existência a ela — ao mundo, portanto, à segurança, à vida tranquila, feliz e rotineira — , furtando a sua própria alma, como ele mesmo diz repetindo seu modelo Euclião, personagem de Plauto; e o ídolo termina por traí-lo, deixando-o solitário e abandonado diante da morte. Como afinal acontece a todos nós, quando perdemos nossa casa, nossa fábrica, nosso automóvel, nosso nariz — como aconteceu ao personagem de Gogol —, nossa amante ou nossas pernas.
Isto, quanto à porca. Ela apresenta a vida como um impasse, cuja única saída é Deus.  "Se Deus não existe, tudo é permitido", dizia Ivan Karamázov, isto é, o mundo moral ficaria inteiramente destituído de sentido.
E claro que não sou nenhum Dostoievski nem estou, nem de longe, comparando as duas obras, mas sim comentando uma semelhança de situações; pois o que Euricão descobre, de repente, esmagado, é que, se Deus não existe, tudo é absurdo. E, com esta descoberta, volta-se novamente para a única saída existente em seu impasse, a humilde crença de sua mocidade, o caminho do santo, Deus, que ele seguiria num primeiro impulso, mas do qual fora desviado aos poucos, inteiramente, pela idolatria do dinheiro, da segurança, do poder, do mundo.
Mas, se possível, olhem esta peça — assim como o conjunto de meu trabalho de escritor, dentro do qual ela, como todas as outras, deve ser entendida—antes de tudo como uma história, contada por uma pessoa, mas que mantém um contato profundo e amoroso com a vida. Considero-me um realista, mas sou realista não à maneira naturalista — que falseia a vida — mas à maneira de nossa maravilhosa literatura popular, que transfigura a vida com a imaginação para ser fiel à vida. Não tem sentido, portanto, dadas as características de meu teatro, dizer como disseram alguns críticos ilustres, que é inverossímil que um avarento ignorasse uma operação bancária e perdesse, assim, seu tesouro. Em primeiro lugar, mesmo que isso fosse impossível na vida, não o seria em meu teatro, onde um cangaceiro se deixa enganar por uma flauta e um conto-do-vigário — no caso, o Padre Cícero — e onde os anjos se vestem de judeus e os diabos de frades ou de vaqueiros; e em segundo lugar, mesmo na vida, o caso é tão possível que aconteceu; foi em Taperoá, com uma pessoa avarenta, por sinal pertencente à minha família. Na agência do Banco do Brasil, em Campina Grande, onde ela foi trocar seu dinheiro, avisada por um tio meu, juntou gente para ver aquelas notas, guardadas durante tanto tempo que ninguém as conhecia mais.
O que eu procuro atingir, portanto, é se não a verdade do mundo, a verdade de meu mundo, afinal inapreensível em sua totalidade, mas mesmo assim, ou por isso mesmo, tentador e belo, com seu sol luminoso e selvagem, tão selvagem que não podemos vê-lo. Procuro me aproximar dele com as histórias, os mitos, os personagens, as cabras, as pedras, o planalto seco e frio de minha região parda, pedregosa e empoeirada. Esta visão ardente — grosseira e harmoniosa, ao mesmo tempo — é o cerne para onde se dirige meu trabalho de escritor. Admito, a exemplo do que acontece com o público e com a arte popular de minha região — o mamulengo, o romanceiro —, a mentira geral do teatro para que isso me possibilite comunicar aos outros, na medida de minhas forças, a substância deste mundo. Nunca o teatro conseguirá reproduzir a vida, que se reinventa a cada instante. Assim, sem exageros que acabem a ilusão consentida do público, é melhor não apelar para as muletas do verismo nem esconder as traves da arquitetura teatral — sejam as do autor, as do encenador ou as dos atores, pois todos nós temos as nossas; assim o público, vendo que não pretendemos enganá-lo, que não queremos competir com a vida, aceita nossos andaimes de papel, madeira e cola e pode, graças a essa generosidade, participar de nossa maravilhosa realidade transfigurada. A vida e o mundo são os motivos, que aparecem transfigurados, no teatro. Meu teatro procura se aproximar da parte do mundo que me foi dada; um mundo de sol e de poeira, como o que conheci em minha infância, com atores ambulantes ou bonecos de mamulengo representando gente comum e às vezes representando atores, com cangaceiros, santos, poderosos, assassinos, ladrões, palhaços, prostitutas, juízes, avarentos, luxuriosos,  medíocres, homens e mulheres de bem — enfim, um mundo de que não estejam ausentes — se não no teatro, que não é disso, mas na poesia ou na novela — nem mesmo os seres da vida mais humilde, as pastagens, o gado, as pedras, todo este conjunto de que o sertão está povoado.
Isto é o que venho procurando fazer. Sei que é um plano ambicioso, mas não posso estar pensando nisso, nem em se venho ou não conseguindo pô-lo em prática: terminaria ficando desesperado.
Assim, tendo dito o que quis fazer, entrego a peça aos leitores: que eles a julguem novamente, como já aconteceu com o público que a viu no palco. E, se o que disse aqui contribuiu para um maior entendimento entre nós, dou-me por satisfeito.


Ariano Suassuna - do início do livro "O Santo e a Porca" de 1964.



















21 de abril de 2011

Espiral

Além das Ilusões








Agora é Maya que se aproxima, com seu eterno problema: relacionamento.
Ela fala de seu namorado de dois anos atrás, Anando, um escultor, bastante carismático.

MAYA: Quando eu estava com o Anando eu sentia um incrível fluir, um êxtase – era lindo. 
Desde então eu tenho tido relacionamentos, mas eles não são a mesma coisa, nem têm a mesma intensidade, nem a mesma magia. Eu me sinto apegada ao Anando, à sua imagem.
Eu não sei se isto é um apego neurótico ou se nós somos almas gêmeas.
O que devo fazer?

OSHO: Tudo isso são ilusões que pouco a pouco irão desaparecer. 
O primeiro amor é sempre muito extático, porque é a primeira ilusão. Na segunda vez, você está um pouco mais madura e então já não é do mesmo jeito. Na terceira vez, você já conhece tudo por dentro e por fora, e fica pensando que talvez o motivo seja a pessoa. Não é. Se você voltar a ter novamente um relacionamento com ele, você ficará desiludida. 
Não haverá aquela magia de novo. Aquela magia não pode voltar, não tem jeito. 
O primeiro amor tem uma magia que o segundo não consegue ter.
E mesmo se você permanecer com aquele namorado, a magia também irá desaparecer. Isto nada tem a ver com você mudar de namorado. Mesmo se você se casar com a pessoa e viver com ela para o resto de sua vida, aqueles dias de lua de mel nunca mais voltarão. 
É por isto que existe lua de mel. Toda a vida da pessoa será apenas uma lembrança, uma nostalgia. Tudo isso são ilusões – belas ilusões, doces sonhos, mas sonhos, todos iguais.
A pessoa tem que amadurecer e ela só amadurece ao experienciar frustrações. 
Um nó é desfeito, depois outro nó é desfeito. Isto machuca.
A pessoa fica brava, com raiva, mas aos poucos ela vai compreendendo que chegará o dia em que todos os brinquedos serão tirados dela. Este é o caminho do crescimento. 
Um dia chegará, e este será o mais afortunado dos dias, quando você puder viver sem ilusões, quando puder viver sem magias, quando puder viver tranquilamente, silenciosamente, sem qualquer anseio por excitações. E então um tipo totalmente diferente de vida começará a crescer em você. Tal vida tem valor e verdade. 

Esses casos amorosos, esses relacionamentos, são bons, mas eles têm que passar. 
Eu não sou contra eles. Quando os chamo de ilusões, eu não estou dizendo que sou contra eles. Eu sou totalmente a favor deles, porque você somente consegue crescer, através dessas ilusões. Você   somente consegue crescer através de frustrações, não existe outra maneira. Cada sucesso e cada fracasso contribuem para o crescimento. 
O fracasso contribui mais que o sucesso, pois o sucesso cria mais ilusões enquanto o fracasso simplesmente abre seus olhos para a realidade. A mente não quer ver a realidade, assim ela continua tramando novos sonhos.

Agora a mente está   pensando ‘Talvez nós sejamos almas gêmeas’. Ninguém é. 
Mas a verdade dói muito. Por isto as pessoas não gostam dela. 
Elas gostam de viver na ilusão, elas gostam quando suas ilusões são melhoradas e reforçadas. Apenas olhe bem dentro de seu coração: no fundo, você gostaria que a sua ilusão fosse reforçada, que eu a reforçasse, que eu a alimentasse, que eu cuidasse dela. 
Mas eu não posso fazer isto. E você não precisa disso mais.  Quando eu vejo que alguém precisa disso, eu reforço.  Reforço a ilusão e continuo reforçando até chegar o ponto em que sei que a ilusão pode se despedaçar. A sua hora já chegou, ela tem que ser despedaçada – chega de ilusões. 
E há um tipo de amor que surge quando todas as ilusões desaparecem. É o que eu chamo de amor verdadeiro. A não ser este amor, todos os demais são infantilidades, são do tipo ‘amor ao seu animalzinho de estimação’. Você pode crescer neste exato momento ou pode voltar novamente ao círculo vicioso. E este tem sido o seu esforço: trocando de namorados, em busca daquele êxtase. Ele não vai acontecer. 

Não é por acidente que todas as civilizações no passado insistiram na virgindade. 
Isto tem uma certa razão: se a mulher permanecer virgem, então o casamento começará com uma grande magia. Se a mulher não é virgem, então o casamento começará sem aquela ilusão.
E lembre-se: o homem nunca sente aquele tipo de êxtase que a mulher sente, porque o homem vive mais na cabeça que no coração. Ele é mais matemático que mágico, ele calcula.  Assim, todas as velhas civilizações permitiram ao homem perder sua virgindade.  Isto não era um grande problema, porque mesmo o seu primeiro amor não é grande, assim ele não vai perder muito. Isto nada tem a ver com desigualdade entre homens e mulheres, como o movimento ‘Lib’ gostaria que fosse. A verdade é que o homem não tem uma energia mágica a respeito do amor; o seu amor permanece uma coisa entre outras coisas.  Algumas vezes a sua magia é liberada mais através de outras coisas do que através do amor. 

Aquela ilusão nunca voltará; E não pense que isto é alguma coisa infeliz. A pessoa tem que ir além da ilusão. Existe uma outra magia para ser conhecida. O amor é uma magia muito biológica, hormonal, química. Injetando alguma química, aquela magia pode ser melhorada, induzida, muita coisa pode ser feita àquela magia. Ela não é muito espiritual nem muito significante. Busque. Existe uma outra magia. Isto é o que estou tentando tornar disponível aqui: a outra magia. 
E existe uma magia que vem através da verdade. Somente esta é duradoura; somente esta é eterna.

 A magia que vem junto com uma mentira vai desaparecer mais cedo ou mais tarde. 
O chamado amor é um truque biológico. A natureza tem enganado as pessoas.
A natureza quer persistir, ela quer viver, ela quer continuar a vida. Ela ilude as pessoas através do amor. O amor é um truque da natureza para manter a vida fluindo. Você pode morrer, mas seus filhos continuarão a viver, e depois os filhos deles.  Se o amor desaparecer, quem vai querer reproduzir crianças? Aquela magia tem um propósito em si. 

Mas existe um outro tipo de magia que surge como uma fragrância da verdade.  Agora procure por ela. E eu não estou lhe dizendo para parar de se relacionar com as pessoas. Relacione-se, mas sabendo que um jogo é um jogo. Jogue-o, e jogue com beleza e arte, esteticamente. Mas, já é tempo de você tornar-se um pouco mais madura. 

Procure internamente agora. Permita que a meditação seja o seu amor agora. 
Todos os relacionamentos devem continuar na periferia, mas não invista muito neles e não anseie por aquele paraíso perdido. Ele nunca será recuperado. Se você quiser recuperá-lo, terá que renascer novamente. Somente quando ele for de novo o primeiro amor e você tiver se esquecido completamente dele, então poderá ser novamente iludida por ele, não de outra maneira.  
Maya, mm? Veja o nome que eu lhe dei! Maya significa ilusão.

                                     
  
OSHO – (A Darshan Diary)
                                          
 Tradução: Sw. Bodhi Champak: OSHO BRASIL


OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça. 

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1 de abril de 2011

Reflexões Sobre a Calúnia

         

           

Algumas pessoas tomam-me por muito séria e irritam-se barbaramente acusando-me de que não sei brincar. Enganam-se os que ainda não me conhecem, pois o que de fato não gosto é de sarcasmo,  policiais-palhaços do comportamento alheio e cabras- cegas de si próprios... (Use de ironia com eles pra ver sua reação... PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO) . Típica manifestação de espíritos que se recusam a amadurecer e uma clara demonstração de uma personalidade arrogante e superficial. Por que não riem de si mesmos? Isso com certeza os faria mais puros.
                                                                                                                                                                 
Gosto de rir, de brincar, gosto sim. Mas admiro a brincadeira saudável, inofensiva, que deixa um gosto bom no final do riso... Um gosto de Sol.  Às vezes perdemos tempo com pessoas que em nada se assemelham a nós em termos de humor e de humanidade. Por compaixão nos aproximamos delas na hora de sua dor e não sabemos que ali se esconde uma vida complicada, enredada na maldade e na amargura mal dissimulada. Acabamos nos embrenhando em florestas densas de medo, áridos desertos de  desgosto e tentando ajudá-las, nos afundamos, esquecendo o que nos motivou a princípio, a dispor nossa atenção e dedicação. Então percebemos que já tentamos de tudo, e nunca foi suficiente...
Eu não tenho vergonha de admitir que sou impotente em relação a problemas de certas pessoas e que ainda tenho que aprender a ajudar quem eu posso, sem me envolver em suas leviandades contra a vida. Pode uma borboleta aparar um elefante em um trapézio? Não. Devemos reconhecer que a cada um cabe a responsabilidade de ascender seu próprio espírito. Devemos ajudar o próximo? Sim. Mas só quem podemos e não além das nossas forças. É mais fácil ele te levar para o buraco do que você conseguir o feito de reerguê-lo da lama. Portanto, devemos primeiro ajudar a nós mesmos e isso sem egoísmo ou egocentrismo. Podemos mudar o próximo só por capricho pessoal? Não. Não temos esse direito. Posso no máximo tentar mostrar a ele uma outra realidade. 
Contudo, ninguém tem o direito de invadir a minha vida e tirar a minha paz. Ninguém. 

Quando constatar que não pode ajudar, só lhe resta fazer uma oração de misericórdia...





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Segue agora uma mensagem de Joana de Angelis:







OS ADVERSÁRIOS, MESTRES OPORTUNOS


19 de março de 2011

...

 
 
A pior ignorância não é a de quem não sabe, mas a de quem não sabe e pensa que sabe.
              - nayre


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Baseado no trabalho em esoterologia.blogspot.com.br.

14 de março de 2011

Eles. Esses Imortais...

 
"...conheci razoavelmente Clarice Lispector. Ela era infelicíssima. A primeira vez que conversamos eu chorei depois a noite inteira, porque ela inteirinha me doía, porque parecia se doer também, de tanta compreensão sangrada de tudo..."
 
 "... falo nela porque Clarice, pra mim, é o que mais conheço de GRANDIOSO, literalmente falando. E morreu sozinha, sacaneada, desamada, incompreendida, com fama de "meio doida". Porque se entregou completamente ao seu trabalho de criar. Mergulhou na sua própria "trip" e foi inventando caminhos, na maior solidão. Como Joyce, como Kafka, louco e só lá em Praga. Como Van Gogh. Como Artaud. Ou Rimbaud. É esse o tipo de criador que você quer ser? Então entregue-se e pague o preço. Ou então você quer fazer uma coisa bem-feitinha pra ser lançada com salgadinhos e uísque suspeito numa tarde amena na Cultura, com todo mundo conhecido fazendo a maior festa? Eu acho que não. Eu conheci/conheço muita gente assim. E não dou um tostão por eles todos. Raramente me engano.." 
 
 
Caio Fernando Abreu  

Está na edição de "Morangos Mofados", da Agir, 2005. Trata-se de uma carta de Caio ao amigo José Márcio Penido, em que ele discute o processo de criação de "morangos...". E mais: chama a escolher o tipo de criadores que só nós podemos ser, em qualquer linguagem artística. Viva a escrita desenfreada de Caio neste dia da poesia!!! 
(Ney Paiva - escritor e poeta)