A hipótese dos campos morfogenéticos foi formulada por Rupert Sheldrake. Segundo o holismo, os campos morfogenéticos são a memória coletiva a qual recorre cada membro da espécie e para a qual cada um deles contribui.
“Morfo vem da palavra grega morphe que significa forma. O campos morfogenéticos são campos de forma; padrões ou estruturas de ordem. Estes campos organizam não só os campos de organismos vivos mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico -a hemoglobina , um campo de insulina, etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campo mórfico. Estes campos são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro da natureza…”
Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia , e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois tido sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente. ”
Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia , e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois tido sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente. ”
Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processos de energia cujos resultados são incertos ou probabilísticos. Os Campos Mórficos funcionam modificando eventos probabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é rigidamente determinada. Os Campos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramente aleatórios. Em vez de uma grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma que certas coisas acontecem em vez de outras. É deste modo como eu acredito que eles funcionam.
“Campos mórficos são laços afetivos entre pessoas, grupos de animais – como bandos de pássaros, cães, gatos, peixes – e entre pessoas e animais. Não é uma coisa fisiológica, mas afetiva. São afinidades que surgem entre os animais e as pessoas com quem eles convivem. Essas afinidades é que são responsáveis pela comunicação.”
Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável mas que muda ao mesmo tempo, que muda o sistema com o qual esta associado. O campo morfogenetico de uma samambaia tem a mesma estrutura que o os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmo tipo. Os campos morfogenéticos de todos os sistemas passados se fazem presentes para sistemas semelhantes e influenciam neles de forma acumulativa através do espaço e o tempo.
A palavra chave aqui é ” hábito “, sendo o fator que origina os campos morfogenéticos . Através dos hábitos os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando causa deste modo às mudanças estruturais dos sistemas aos que estão associados. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material.
Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfico específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.
Sua atuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos uma folha de papel sobre um ímã e espalhamos pó de ferro em cima dela, os grânulos metálicos distribuem-se ao longo de linhas geometricamente precisas. Isso acontece porque o campo magnético do ímã afeta toda a região à sua volta. Não podemos percebê-lo diretamente, mas somos capazes de detectar sua presença por meio do efeito que ele produz, direcionando as partículas de ferro. De modo parecido, os campos mórficos distribuem-se imperceptivelmente pelo espaço-tempo, conectando todos os sistemas individuais que a eles estão associados.
A analogia termina aqui, porém. Porque, ao contrário dos campos físicos, os campos mórficos de Sheldrake não envolvem transmissão de energia. Por isso, sua intensidade não decai com o quadrado da distância, como ocorre, por exemplo, com os campos gravitacional e eletromagnético. O que se transmite através deles é pura informação. É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado por toda a espécie.
O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de “ressonância mórfica”. Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva. Em nosso exemplo, a ressonância mórfica entre macacos da mesma espécie teria feito com que a nova técnica de quebrar cocos chegasse à ilha “B”, sem que para isso fosse utilizado qualquer meio usual de transmissão de informações.
Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma atividade mental superior, focalizada e intencional que relaciona dois ou mais indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, ao contrário, é um processo básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo. Sheldrake apresenta um exemplo desconcertante dessa propriedade.
Quando uma nova substância química é sintetizada em laboratório – diz ele -, não existe nenhum precedente que determine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das características da molécula, várias formas de cristalização são possíveis. Por acaso ou pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, uma dessas possibilidades se efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que isso ocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a ressonância mórfica gerada pelos primeiros cristais faz com que a ocorrência do mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquer laboratório do mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que aconteça novamente em experimentos futuros.
Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado tanta polêmica. Em 1981, quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida de maneira diametralmente oposta pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientist elogiava o trabalho como “uma importante pesquisa científica”, a Nature o considerava “o melhor candidato à fogueira em muitos anos”.
Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma larga experiência de vida, Sheldrake já era, então, suficientemente seguro de si para não se deixar destruir pelas críticas. Ele sabia muito bem que suas idéias heterodoxas não seriam aceitas com facilidade pela comunidade científica. Anos antes, havia experimentado uma pequena amostra disso, quando, na condição de pesquisador da Universidade de Cambridge e da Royal Society, lhe ocorreu pela primeira vez a hipótese dos campos mórficos. A idéia foi assimilada com entusiasmo por filósofos de mente aberta, mas Sheldrake virou motivo de gozação entre seus colegas biólogos. Cada vez que dizia alguma coisa do tipo “eu preciso telefonar”, eles retrucavam com um “telefonar para quê? Comunique-se por ressonância mórfica”.
Era uma brincadeira amistosa, mas traduzia o desconforto da comunidade científica diante de uma hipótese que trombava de frente com a visão de mundo dominante. Afinal, a corrente majoritária da biologia vangloriava-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e fazia do DNA uma resposta para todos os mistérios da vida.
A realidade, porém, é exuberante demais para caber na saia justa do figurino reducionista.
Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado?
A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos e que tal fato depende das interações de cada célula com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células do aglomerado e o meio ambiente). É preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças para engolir uma “explicação” dessas. Como é que interações entre partes vizinhas, sujeitas a tantos fatores casuais ou acidentais, podem produzir um resultado de conjunto tão exato e previsível? Com todos os defeitos que possa ter, a hipótese dos campos mórficos é bem mais plausível.
Uma estrutura espaço-temporal desse tipo direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes.
Ação modesta
A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macro-moléculas. Os genes ditam essa estrutura primária e ponto.
“A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos organismos não estão programadas no código genético”, afirma Sheldrake. “Dados os genes corretos, e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente. Isso é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontaneamente.”
A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e os organismos seria ditada por um tipo particular de campo mórfico: os chamados “campos morfogenéticos”. Se as proteínas correspondem ao material de construção, os “campos morfogenéticos” desempenham um papel semelhante ao da planta do edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações dessa analogia. Porque a planta é um conjunto estático de informações, que só pode ser implementado pela força de trabalho dos operários envolvidos na construção. Os campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interação com os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância mórfica.
Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo.
Forma original
O sucesso da operação independe da forma como o pequeno verme é seccionado. O paradigma científico mecanicista, herdado do filósofo francês René Descartes (1596-1650), capota desastrosamente diante de um caso assim. Porque Descartes concebia os animais como autômatos e uma máquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo como o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas.
O sucesso da operação independe da forma como o pequeno verme é seccionado. O paradigma científico mecanicista, herdado do filósofo francês René Descartes (1596-1650), capota desastrosamente diante de um caso assim. Porque Descartes concebia os animais como autômatos e uma máquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo como o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas.
A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nas cabeças de vários biólogos durante a década de 20. O que Sheldrake fez foi generalizar essa idéia, elaborando o conceito mais amplo de campos mórficos, aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs também a existência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de explicar o surgimento e a transformação dos campos mórficos. Não é difícil perceber os impactos que tal processo teria na vida humana. “Experimentos em psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam“, informa Sheldrake.
Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou que uma figura oculta numa ilustração em alto constraste torna-se mais fácil de perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas. Isso foi verificado numa pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983. Em duas ocasiões, os pesquisadores mostraram as ilustrações 1 e 2 a pessoas que não conheciam suas respectivas “soluções”. Entre uma enquete e outra, a figura 2 e sua “resposta” foram transmitidas pela TV. Verificou-se que o índice de acerto na segunda mostra subiu 76% para a ilustração 2, contra apenas 9% para a 1.
Aprendizado
Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa a pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. “Métodos educacionais que realcem o processo de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado”, conjectura Sheldrake. E essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York dirigida pelo matemático e filósofo Ralph Abraham.
Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa a pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. “Métodos educacionais que realcem o processo de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado”, conjectura Sheldrake. E essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York dirigida pelo matemático e filósofo Ralph Abraham.
Outra conseqüência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de Carl Gustav Jung e Stanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou transpessoais da psique, receberiam um notável reforço, em contraposição ao modelo reducionista de Sigmund Freud (leia o artigo “Nas fronteiras da consciência”, em Globo Ciência nº 32).
Sem excluir outros fatores, o processo de ressonância mórfica forneceria um novo e importante ingrediente para a compreensão de patologias coletivas, como o sadomasoquismo e os cultos da morbidez e da violência, que assumiram proporções epidêmicas no mundo contemporâneo, e poderia propiciar a criação de métodos mais efetivos de terapia.
“A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal”, afirmou Sheldrake a Galileu. “Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina. Pois nossas ações podem influenciar os outros e serem repetidas”.
De todas as aplicações da ressonância mórfica, porém, as mais fantásticas insinuam-se no domínio da tecnologia. Computadores quânticos, cujo funcionamento comporta uma grande margem de indeterminação, seriam conectados por ressonância mórfica, produzindo sistemas em permanente transformação. “Isso poderia tornar-se uma das tecnologias dominantes do novo milênio”, entusiasma-se Sheldrake.
Uma das primeiras experiências levadas a cabo por Sheldrake foi a dos ratos no laboratório. Foi recapturado do tempo em que ele começou a considerar os campos morfogeneticos. Consiste em ensinar a um grupo de ratos uma certa aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, por exemplo, Londres, para logo observar a habilidade de outros ratos em outro lugar então, por exemplo, Nova Iorque, deixar o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosas ocasiões dando resultados muito positivos.
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