18 de dezembro de 2013

Para Ana Pérola

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A lua sempre encanta quando nasce
O choro  incha os olhos mas purifica a alma
Um filho é sempre motivo de alegria
As pessoas podem ser muito cruéis quando são magoadas
 .
 

Homens de barba são mais paternais
As mulheres felizes têm uma beleza incrível


Toda a riqueza do mundo consiste em saber ver


.: nayre

10 de novembro de 2013

A guerra contra as mulheres

                Aqui 50 mil mulheres são violadas por ano, e a sociedade assiste em silêncio
           A história das mulheres é um longo percurso de lutas contra a humilhação e a brutalidade, escrevi há 30 anos. Não pensei que voltaria a escrever. Tudo parecia indicar que a sociedade brasileira saíra da Idade da Pedra com seus Brucutus arrastando as mulheres pelos cabelos e possuindo-as no melhor estilo animal.
Ilusão. A história das mulheres continua marcada pela humilhação e a brutalidade. É o que contam os dados do Fórum Nacional de Segurança Pública: 50 mil casos de estupro no Brasil no ano de 2012.
Este número aberrante não deveria cair no esquecimento como uma má notícia entre outras. Cinquenta mil americanos morreram na Guerra do Vietnam e isso mudou a América. Aqui 50 mil mulheres são violadas por ano e a sociedade assiste em silêncio.
Segundo a pesquisa, o número de casos vem aumentando. Os estupros de fato aumentaram ou o que aumentou foi sua notificação? Se assim for, é provável é que esses números sejam apenas a ponta do iceberg.
Um caso isolado de estupro é uma tragédia que o senso comum põe na conta de algum tarado que ninguém está livre de encontrar numa rua deserta. São psicopatas que agem por repetição à semelhança dos serial killers. Requintados torturadores, desprovidos de culpa ou remorso, são descobertos e presos. Quando saem, reincidem.
Cinquenta mil casos têm outro significado. A psicopatia não explica. Configura-se uma tara social, uma sociedade que convive com a violência sexual com uma naturalidade repugnante. São milhares de estupradores que, assim como os torturadores, transitam entre nós como gente comum. Estão nas ruas, nas festas, nos clubes, lá aonde todos vão, e passam despercebidos. Estão nas famílias e nas vizinhanças onde mais frequentemente agem — suprema covardia — aproveitando-se da proximidade insuspeita com a vítima.
Dissimulam seu alto potencial de crueldade no magma de desrespeito em que se misturam machismo, piadas grosseiras, gestos obscenos, aceitos como parte da cultura. A certeza da supremacia da força física, herdaram das cavernas. O desprezo pelas mulheres, aprendem facilmente em qualquer conversa de botequim. Ninguém nasce estuprador: torna-se.
O estupro é uma mutilação psíquica que a vítima carrega para sempre. Fecundação pelo ódio e contaminação pelo vírus do HIV são sequelas possíveis desse pesadelo. O medo ronda. Quantas mais estarão em risco? Pergunte-se a qualquer mulher se, uma vez na vida, se sentiu ameaçada pela violência sexual. Há uma guerra surda contra as mulheres. Quando as guerras de verdade se declaram, o estupro como arma se pratica às claras. Na Bósnia, a “limpeza étnica”, crime contra a humanidade, se fazia violando as mulheres.
Há décadas os movimentos de mulheres denunciam essa guerra surda. Estão aí as Delegacias da Mulher e a Lei Maria da Penha. O anacrônico Código Penal, que falava de crime contra os costumes, hoje capitula o estupro como crime hediondo. Aumentaram as penas e os agravantes. A Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres criou o número 180 para acolher as denúncias e promete espalhar Casas da Mulher em todos os estados.
Dir-se-ia, no entanto, que estupradores não temem a denúncia, a lei e a Justiça. Por que será? De onde lhes vem a sensação de que o que fazem não é crime e, se descobertos fossem, ficariam impunes?
A resposta está no sentimento de poder sobre o corpo das mulheres que nossa sociedade destila como um veneno. É esse caldo de cultura, em que a violência sexual de tão banal fica invisível, que estimula e protege os agressores, realimentando a máquina de fazer monstros. Some-se a isso uma espécie de pacto de silêncio que, salvo quando os dados gritam como agora, impede que se reconheça a gravidade do problema que, na sua negação da dignidade humana, é comparável à prática da tortura.
Os governos descuidam do indispensável amparo às vítimas. Ora, se não há reparação possível, deve haver acolhimento e socorro. Em todo o país os serviços de saúde pública capazes de oferecer a possibilidade de um aborto previsto em lei são ridiculamente insuficientes para atender às consequências desse massacre.
A mesma energia com que a sociedade brasileira condena a tortura é necessária para debelar a epidemia de crueldade. Três mudanças de comportamento se impõem, imediatas: o fim da tolerância com o desrespeito às mulheres, em casa e nas ruas; a inclusão para valer da prevenção e repressão da violência sexual na agenda da segurança pública; e a expansão dos serviços de amparo às vítimas. É o mínimo que o Brasil deve às mulheres.
Rosiska Darcy de Oliveira
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30 de setembro de 2013

Self

Paixões passam 

mas a música permanece

sempre





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 Ela segura a lua nos braços

Embalando







                                                                         




Nayre - 30.09.2013                                        

28 de setembro de 2013

Anotações Sobre o Livro - Jung, Sincronicidade e Destino Humano

Pierre Teilhard de Chardin


        Na visão esquemática de Pierre Teilhard de Chardin, o processo de evolução avança através de uma sucessão de esferas que culminam na noosfera. Ele delimita um número de estágios sucessivos no processo evolutivo, aos quais também chama de "zonas" ou "esferas". Desta forma, Teilhard relaciona a barisfera, a litosfera, a hidrosfera, a atmosfera, a estratosfera, a biosfera e, por fim, a noosfera. A característica primária destas esferas, dentro da perspectiva idealizada por Teilhard, e a sua relação com o surgimento da vida é com o desenvolvimento posterior desta no espírito humano. Por conseguinte, os primeiros estágios que ele descreve se referem à condição do universo antes de a vida ter evoluído. O surgimento da vida transporta a evolução do universo para um nível significativamente mais elevado.

         A biosfera na formulação de Teilhard contém todas as expressões da vida, tanto nas formas vegetais como nas animais. É neste nível, o nível da biosfera, que a espécie humana aparece, com ela, um fator de transformação radical entra na evolução do universo. A vida do ser humano gera a mente e, por fim, os produtos criativos do espírito. A partir destes, forma-se um reino ulterior que representa um nível de evolução qualitativamente superior. A noosfera, a esfera do espírito e do significado, abre-se agora diante de nós como a grande potencialidade da existência humana.

          A noosfera é a dimensão da realidade na qual se expressa a qualidade  especial da vida humana. A descrição que dela faz Teilhard é mais visionária e impressionista do que literal; ainda assim, a concepção que ele tem em mente é definida e rica em sugestões. Na visão Teilhardiana, a noosfera é uma camada da realidade, ou "invólucro", envolvendo a Terra como uma atmosfera. Trata-se de um invólucro em torno do material, mas ele mesmo não é material.  Pode-se concebê-lo como um composto de partículas de consciência humana; estas são, por assim dizer, centelhas que se erguem das experiências da psique humana. Deste modo, a noosfera não existia antes do surgimento do ser humano no cenário evolutivo.  Os conteúdos dela derivam da vida acumulativa do homem e são formados pelas experiências interiores da humanidade, em especial aquelas que ocorrem no nível profundo de consciência.  Neste sentido, o desenvolvimento da noosfera é uma emergência da vida humana e, particularmente, da evolução posterior do homem em termos da dimensão interior da existência.

          Visto que a noosfera, como a dimensão emergente do homem no processo de evolução, difere qualitativamente em seu conteúdo das esferas que a precedem, é possível deduzir que os princípios pelos quais ela pode ser compreendida e interpretada também sejam diferentes.  As leis de causa e efeito talvez sejam para se entender a operação daquelas leis que governam o funcionamento do universo nos estágios anteriores ao surgimento da vida. Estas leis causais, juntamente com os princípios da teleologia orgânica, podem ser suficientes, num nível posterior, para nos permitir compreender e interpretar os processos que atuam no nível do universo onde a vida vegetal e animal está presente, assim como no nível da biosfera. Mas alguma coisa mais se encontra presente na noosfera, e, se acompanharmos a concepção geral de Teilhard, há razões para inferir que é necessário um princípio interpretativo, além da causalidade e da teleologia orgânica para se entender a natureza dos eventos que ocorrem dentro dela.

            O próprio Teilhard, no entanto, não considerava importante a aplicação de princípios interpretativos a cada uma das esferas maiores por ele descritas; Jung, por sua vez, não reconhece a validade da concepção sistemática dos níveis de evolução esboçadas por Teilhard. Todavia, o confronto dos dois lhes acrescenta uma nova dimensão . De um lado a perspectiva Teilhardiana fornece uma estrutura na qual vemos o significado evolutivo mais amplo do conceito de sincronicidade. De outro, a própria concepção da noosfera implica na necessidade de um princípio especial que permita abranger os eventos que nela ocorrem. Teilhard, porém, não o fornece; sua descrição da noosfera revela-se basicamente intuitiva. de acordo com sua interpretação, resulta claro que o invólucro da noosfera é formado progressivamente por eventos individuais ocorridos dentro da psique no decorrer de experiências humanas.  Mas o próprio Teilhard não se preocupa em determinar que fatores no interior da psique criam os conteúdos da noosfera. Tampouco dá margem a saber que princípio interpretativo nos permitiria entender o modo de funcionamento interno da noosfera.
Dr. C.G.Jung

             A obra de Jung oferece hipóteses específicas que nos possibilita entender a natureza dos eventos com os quais se constrói a noosfera. De modo algum Jung previu esta função para sua ideia de sincronicidade, mas certamente uma das contribuições importantes desta consiste em completar a nova e crescente  visão do universo, exemplificada em autores como Teilhard de Chardin. É o que Jung faz de duas maneiras específicas. Na primeira, com sua teoria dos fatores arquetípicos que operam no interior da psique e particularmente com sua descrição das inúmeras forças e energias contidas no arquétipos, Jung fornece um método de compreensão da natureza das experiências humanas que formam a noosfera.  Na segunda, com o princípio interpretativo da sincronicidade, ele nos proporciona um meio concreto de explorar os caminhos sutis, pelos quais originando-se das profundezas da psique, eventos e percepções de significado especial são criados.

               Desta maneira recebemos de Jung duas hipóteses embrionárias com relação, primeiro, aos conteúdos e, segundo, ao princípio de operação na noosfera. Quando traduzimos a expressão cunhada por Teilhard em termos de seu significado mais geral e a vemos como a ponta de lança da evolução que emerge das experiências do espírito humano, a mútua cooperação de Jung e Teilhard de Chardin torna-se clara.  Ambos contribuem para a nova visão de mundo que vem tomando forma nesta geração. A visão teilhardiana de evolução espiritual expande a perspectiva de tempo e, dentro desse contexto, o princípio de sincronicidade tende a desempenhar um papel importante tanto como hipótese científica quanto como um meio de experiência na linha de frente da vida onde a evolução está se processando. 

 [Ira Progoff]

27 de agosto de 2013

ZARATUSTRA: DA ÁRVORE DA MONTANHA

Nietzsche, sobre aqueles que alcançam (ou arranjam pra si) rapidamente altos postos espirituais, elevados níveis de santidade ou pureza, e se tornam orgulhosos, levianos consigo e com os demais, ocultando de si e dos outros suas fraquezas, seus vícios e seus males.

Da Árvore da Montanha
Os olhos de Zaratustra tinham visto um mancebo que evitava a sua presença. E, uma tarde, ao atravessar sozinho as montanhas que rodeiam a cidade denominada "Vaca Malhada", encontrou esse mancebo sentado ao pé de uma árvore, dirigindo ao vale um olhar fatigado. Zaratustra agarrou a árvore a que o mancebo se encostava e disse: "Se eu quisesse sacudir esta árvore com as minhas mãos não poderia; mas o vento que não vemos açoita-a e dobra-a como lhe apraz. Também a nós mãos invisíveis nos açoitam e dobram rudemente".
A tais palavras, o mancebo ergueu-se assustado, dizendo: "Ouço Zaratustra, e positivamente estava a pensar nele".
"Por que te assustas? O que sucede à arvore sucede ao homem. Quanto mais se quer erguer para o alto e para a luz, mais vigorosamente enterra as suas raízes para baixo, para o tenebroso e profundo, para o mal".
"Sim; para o mal! - exclamou o mancebo - Como é possível teres descoberto a minha alma?"
Zaratustra sorriu e disse: "Há almas que nunca se descobrirão, a não ser que se principie por inventá-las".
"Sim; para o mal! - exclamou outra vez o mancebo. Dizias a verdade, Zaratustra. Já não tenho confiança em mim desde que quero subir às alturas, e já nada tem confiança em mim. A que se deve isto? Eu me transformo muito depressa: o meu hoje contradiz o meu ontem. Com freqüência salto degraus quando subo, coisa que os degraus não me perdoam. Quando chego em cima, sempre me encontro só. Ninguém me fala; o frio da solidão faz-me tiritar. Que é que quero, então, nas alturas? O meu desprezo e o meu desejo crescem a par; quanto mais me elevo mais desprezo o que se eleva? Como me envergonho da minha ascensão e das minhas quedas! Como me rio de tanto anelar! Como odeio o que voa! Como me sinto cansado nas alturas!"
O mancebo calou-se. Zaratustra olhou atento a árvore a cujo pé se encontravam e falou assim: "Esta árvore está solitária na montanha. Cresce muito sobranceira aos homens e aos animais. E se quisesse falar ninguém haveria que a pudesse compreender: tanto cresceu. Agora espera, e continua esperando. Que esperará, então? Habita perto demais das nuvens: acaso esperará o primeiro raio?"
Quando Zaratustra acabava de dizer isto, o mancebo exclamou com gestos veementes: "É verdade, Zaratustra: dizes bem. Eu ansiei por minha queda ao querer chegar às alturas, e tu eras o raio que esperava. Olha: que sou eu, desde que tu nos apareceste? A inveja aniquilou-me!" Assim falou o mancebo, e chorou amargamente. Zaratustra cingiu-lhe a cintura com o braço e levou-o consigo.
Depois de andarem juntos durante algum tempo, Zaratustra começou a falar assim: "Tenho o coração dilacerado. Melhor do que as tuas palavras, dizem-me os teus olhos todo o perigo que corres. Ainda não és livre, ainda procuras a liberdade. As tuas buscas desvelaram-te e envaideceram-te de maneira excessiva. Queres escalar a altura livre; a tua alma está sedenta de estrelas; mas também os teus maus instintos têm sede de liberdade. Os teus cães selvagens querem ser livres; ladram de prazer no seu covil quando o teu espírito tende a abrir todas as prisões. Para mim, és ainda um preso que sonha com a liberdade. Ai, a alma de presos assim torna-se prudente, mas também astuta e má. O que libertou o teu espírito necessita ainda purificar-se. Ainda lhe restam muitos vestígios de prisão e de lodo: é preciso, todavia, que a tua vista se purifique. Sim; conheço o teu perigo; mas por amor de mim te aconselho a não afastares para longe de ti o teu amor e a tua esperança!
Ainda te reconheces nobre, assim como nobre te reconhecem os outros, os que estão mal contigo e te olham com maus olhos. Fica sabendo que todos tropeçam com algum nobre no seu caminho. Também os bons tropeçam com algum nobre no seu caminho, e se lhe chamam bom é tão-somente para o pôr de lado. O nobre quer criar alguma coisa nobre e uma nova virtude. O bom deseja o velho e que o velho se conserve. O perigo do nobre, contudo, não é tornar-se bom, mas insolente, zombeteiro e destruidor. Ah, eu conheci nobres que perderam a sua mais elevada esperança. E depois caluniaram todas as elevadas esperanças. Agora têm vivido abertamente com minguadas aspirações, e apenas planejaram um fim de um dia para outro.
"O espírito é voluptuosidade" - diziam. E então o seu espírito quebrou as asas; arrastar-se-à agora de trás para diante, maculando tudo quanto consome. Noutro tempo pensavam fazer-se heróis; agora são folgazões. O herói é para ele aflição e espanto. Mas, por amor de mim e da minha esperança te digo: não expulses para longe de ti o herói que há na tua alma! Santifica a tua mais elevada esperança!"
Assim falou Zaratustra.

Replicado de Saindo da Matrix

25 de junho de 2013

De uma filha (que desencarnou) para uma mãe.


*

Todos pensam que por sermos crianças ainda não podemos  desencarnar, não devemos voltar à casa do pai. Esquecem que cada ser tem o seu tempo na vida terrena e que tudo aí é muito passageiro, tudo aí tem o seu verdadeiro sentido de ser. O ser humano ainda é muito egoísta, o sentimento de propriedade ainda perdura em todos os corações humanos. Cada ser já vem predestinado a passar por determinadas situações. A doença é um período que alguns seres tem o privilégio de vivê-la, assim chega aqui deste lado mais livre das coisas terrenas. É um período que as pessoas que ficam vão se acostumando com a perda e as que virão para este lado, também se desligando dos seus. Cada um de nós temos o nosso período de aprendizado na terra, uns com mais tempo, outros com menos e assim, uns aproveitando mais para a sua evolução, outros ficam muitos e muitos anos e não conseguem progredir muito. Progridem materialmente, esquecendo da espiritualidade, muita coisa que conseguimos "trazer" conosco, as coisas boas, as justiças, o amor dado às pessoas. É sempre muito bom ser lembrado em forma de coração, em forma de alegria, de saudade sadia, no oferecimento de uma flor do jardim. Muitos ainda ficam com o sentimento de revolta no coração. Mas isso, graças ao nosso pai é passageiro, pois só conseguimos seguir o nosso caminho deste lado, quando estamos libertos de todo e qualquer sentimento de angústia e tristeza, só assim o nosso aprendizado é significativo, e a leveza dos pensamentos emanados a nós nos ajuda a adaptarmos melhor numa vida que não é nova, pois já estivemos muitas e muitas vezes nesta situação, porém, a cada adaptação requer um tempo e muita oração, muita paz emanada através dos pensamentos dos nossos que aí ficam. Cada lágrima de angústia derramada é como uma enxurrada de água em nossa pobre alma tão fragilizada pela passagem que tivemos. Cada oração, cada pensamento de alegria é um bálsamo necessário para estes momentos tão delicados a que passam todos os seres humanos, uns mais frequentemente e rapidamente, outros nem tanto. 

Que a paz e a alegria perdure por todos os tempos e em todos os seres. Amém !!

Mensagem Psicografada por Tatiane em Morretes, no dia 13.01.2008  - para mim.

24 de junho de 2013

ELIS REGINA - ÚLTIMA ENTREVISTA EDITADA - JOGO DA VERDADE









Esta mulher foi a brasileira mais talentosa, mais poderosa e quem mais me influenciou na vida.
Esta entrevista diz muita coisa sobre ela, diz muita coisa sobre o cenário político daquela época.
Diz muito até sobre as circunstâncias obscuras que cercam o momento de sua morte.



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1 de maio de 2013

Armadilhas da Linguagem



Diversas armadilhas ameaçam a compreensão originária da essencialização da linguagem. A primeira e mais ardilosa, engodo que cerceia e encerra toda a compreensão lógica, gramatical, linguística ou filológica da linguagem, é tratá-la como algo, um ente simplesmente dado ao nosso manuseio, passível de ser objetivamente compreendida e determinada.
Esta armadilha, por sua vez, sustenta o seu embuste na própria possibilidade gramatical de substantivar os verbos, o que foi denominada pelos gramáticos latinos de “modus infinitus”. No infinitivo, o verbo se transfere para a forma nominal do substantivo e, perdendo deste modo a sua referência com a ação, passa a ser compreendido como um ente; a ação se transforma em coisa, dando assim a ilusão de ser algo determinado. É o que ocorre, por exemplo, com o verbo jantar, na frase: “ o jantar está servido” – ele é de tal modo substantivado que torna-se difícil, é só a custo de um grande esforço, pensá-lo como ação, um verbo, e não como ente, um substantivo.
No caso de “linguagem”, assunto que agora investigamos, para nós de língua latina, essa armadilha é mais insidiosa, pois perdemos completamente a referência verbal deste substantivo, a medida que o nosso verbo falar já provém de uma outra raiz – o que não é o caso, p. ex., da língua grega antiga, onde logos corresponde a légein, ou da alemã, onde Sprache corresponde a sprechen. Distantes da referência com o falar, a linguagem possui para nós uma proximidade com a língua – “é uma coisa da boca”.
Neste sentido, conforme o propósito de Heidegger, o primeiro desafio para lograrmos uma compreensão do sentido grego (heraclítico) de logos como linguagem é, atentos a estas armadilhas, não entendermos a linguagem como substantivo – como algo, um ente simplesmente dado ao nosso manuseio, passível de ser objetivamente determinado -, mas pensarmos a linguagem na dinâmica que se perfaz como com-preensão no falar e no ouvir (no escrever e no ler). O nosso primeiro desafio consiste portanto em abdicarmos da intenção de entendermos o que é linguagem por meio de determinações lógicas, para, despojados do afã da certeza que só compreendem o que podem dominar, experimentarmos, na concordância de nosso pensamento, a compreensão heraclítica de linguagem. Precisamos ainda alertar para o perigo e outras armadilhas que, camufladas no pressuposto metafísico de que o discurso seja a expressão sonora que representa o real para a comunicação humana, também ameaçam a nossa compreensão originária de linguagem – e de homem.

O Assunto e o Caminho do Pensamento de Heidegger (Fernando Mendes Pessoa)

15 de abril de 2013

Ao Buscador


*


" Cultivai o que de melhor houver em vós. Não percais tempo comparando-vos com os outros. O que de melhor houver neles constituirá para vós, mais uma possibilidade de crescer. Como a flor que desabrocha com o calor e a luz do sol, também deveis desabrochar sob a luz irradiada por vossos irmãos.


- Caminhante, por que vos perdestes?
- Procurava o fruto da Grande Árvore.

- Caminhante, por que sofres tanto?
- Seguia os tortuosos atalhos do conhecimento humano.

- Caminhante, aonde vais?
- Busco encontrar o verdadeiro Caminho.

- Escutai, então, perseverante peregrino:
   No brilho do sol tereis vossa direção,
   Na luz das estrelas, vossa morada,
   Chegareis onde não se pode chegar
   e, ultrapassando os limites do Ilimitado,
   conhecereis a face d'Aquele que não pode ser conhecido. "


As Chaves de Ouro  (Trigueirinho) - Editora Pensamento - págs. 61, 62.



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