30 de julho de 2010

Sapatos Vermelhos




Essa história que vou contar agora aconteceu de verdade.
Todo mundo já teve um ídolo na adolescência e sonhava conhecer ou conversar com ele.
Eu tinha essa ligação invisível com as coisas de Rita Lee.
Vivia e ainda vivo tendo sonhos com ela, desde pequena, coisas de menina... E um deles ficou bem nítido na minha memória...
Sonhei que ela era minha mestra e eu a sua discípula (rs)... Isso foi bem numa época em que a Rita começou a se interessar por zen-budismo. Ano? 1999. Sonhei que andava em cima de um muro e a Rita me acompanhava de perto dizendo "isto, ande até o final do muro sem desequilibrar"... " isso... agora sua próxima missão é encontrar o par deste sapato vermelho aqui (mostrou) - que estava nas suas mãos - lá ... (não sei aonde)"...
A Rita Lee deve estar me gozando, pensei. E pensei também no sonho que ela estivesse me fazendo de boba, ou de escrava dela, fiquei braba. (rs). Acordei.

Um ano depois minha vó faleceu e viajei a Santos para a última despedida. No dia seguinte de seu enterro ganhei um sapato vermelho de minha mãe e minha irmã Soraya me convidou para ver a Exposição dos 500 anos do Brasil que estava acontecendo no Parque Ibirapuera. Era dia 08. 06. 00. Lembro que quando cheguei em SP estava meio nublado e fiquei pensando comigo no ônibus "bem que eu podia encontrar a Rita Lee hoje, aqui." E...Plim! O que houve então? Chegamos no Ibirapuera e antes de adentrarmos nos galpões das exposições tínhamos de passar por lojas de livros, cafés, lojas de artesanato e produtos esotéricos... Vamos entrar? Sim, disse para a minha irmã e advinhem quem? Quem era a dona da loja? Uma senhora que era a CARA da Rita Lee, só que eu a achei mais velha. Olhei para os meus sapatos vermelhos que acabara de estrear e não acreditei naquilo! A mulher da loja era a própria Rita Lee? Bem, isso na verdade é algo que até hoje fiquei na dúvida, rs. Depois vendo os objetos da loja resolvi comprar um harmonizador de ambientes de vidro em forma de estrela de 7 pontas. Daqueles se enche d'água e que espalham arco-íris pelos cantos da casa... E olhando para ela, eu disse "vou levar esse aqui, porque o número da Rita Lee é sete". Então essa senhora da loja me perguntou "como você sabe que o n° dela é sete?" - bem, cá pra nós, eu já tinha feito a numerologia do nome dela porque já tinha percebido uma estrela de sete pontas tatuada na sua mão... Contei do sonho, contei mil coisas... Que já tinha tocado no cotovelo dela numa sessão de autógrafos em Curitiba depois de um show no Guairão e sentido uma onda de energia muito vibrante depois, uma espécie de êxtase. Então a senhora me disse " sou a Virginia Lee, irmã da Rita". E disse que ficou arrepiada com o que eu havia contado... E advinhem onde ela me tocou quando entrei na loja? No meu cotovelo! E foi assim, no final contei que havíamos ido no Hotel Mabú naquela noite para deixarmos o material da nossa banda para ela ouvir (uma banda de rock de adolescentes da qual eu era a vocalista). Ela então disse que ia contar o acontecido a própria Rita... Seria ela mesma se fazendo passar pela irmã? Não sei... Nunca saberei na verdade ... Mas se foi ... Que doce cara-de-pau ... Doce e luxuosa atriz. Lembro de seus olhinhos azuis olhando pra nós.

Aliás ...  A Virginia Lee tem ou não tem olhos azuis? 

Ganhei até um abraço. : )

Ok! Saímos da loja ... Eu e a minha irmã - grávida na época.

Fomos então nos dirigindo para os galpões de exposição... Então vi duas coisinhas brilhando no chão... Olha, dois broches, alguém deixou cair... O que são? Peguei. Era um passarinho rosa e um peixinho amarelo pintadinhos num metal dourado (nem eram tão bonitos, pareciam de uma criança) . Minha irmã falou que foi a providência que havia me mandado aquele "sinal". Que bobagem, eu disse. Bobagem ou não... O fato é que uns anos depois fuçando na internet encontrei um texto da Rita Lee. Um conto infantil que ela bolou pra contar aos filhos dela antes de dormir quando eram pequenos... E adivinha o nome do conto? O Passarinho e o Peixinho... Juro que é verdade! Que uma pedra me esmague agora mesmo se for mentira. Quando voltamos da exposição tinha uma multidão em frente a loja da "Virginia" cantando Ovelha Negra e corria o buxicho que era ela, a Rita mesmo... Nem fiquei lá... Já tinha tido meu momento de glória rs.  Depois de um tempo que fui saber a simbologia do sapato vermelho no livro " Mulheres que Correm com os Lobos"  Da analista junguiana Clarissa Pinkola Estés.. Mas isso já é outra história...!
Enfim...

Deixo o conto da Rita Lee aqui pra quem quiser ler:



 O Passarinho e o Peixinho

           Era uma vez um peixinho que queria voar e um passarinho que queria nadar. Um dia se encontraram na beira do lago e ficaram comentando sobre suas vidas.

- "Chuva pra você não é problema, eu tenho que correr para um abrigo e proteger minhas asas dos pingos d´água senão ficam pesadas demais para voar".

- "Quando chove fica tudo embaçado aqui embaixo, não enxergo um palmo além do nariz e quando faz sol você pode voar até os mais altos prédios para ver o mundo lá das nuvens, enquanto eu fico aqui nadando entre os lixos que são jogados na minha casa"

- "Você ainda tem uma casa, e eu que durmo cada dia num galho de árvore! E por falar em lixo, você nem imagina o castigo que é respirar o monóxido de carbono dos automóveis. Aqui fora a vida é muito mais poluída e perigosa"

- "Mas você sempre pode voar para o campo onde o ar é puro, já eu não posso fugir para um rio limpinho. Ser passarinho tem suas vantagens, meu caro amigo"

- "Que nada, no campo sou alvo dos estilingues da molecada, se eu fosse um peixinho bastava dar um mergulho para fugir deles"

- "Os moleques me perseguem com outros truques. Um dia pensei que uma minhoca estava dando sopa mas era um anzol pontudo, consegui fugir mas fiquei com uma baita cicatriz na boca"

- "Certa vez também estava na cola de uma minhoca e fui abocanhado por um gato que me arrancou várias penas e com muito custo consegui escapar"

- "É verdade, isto nós dois temos em comum: gostamos de comer minhocas e os gatos gostam de nos comer, eu daria tudo para poder voar deles como você"

- "E eu daria tudo para poder nadar como você, gatos tem pavor de água"

Neste exato momento o passarinho e o peixinho viram uma minhoca apetitosa passeando tranquila na beiradinha do lago e a conversa deles mudou de enfoque diante de tamanha guloseima.

- "Olha só, porque você não dá um mergulho agora lá no fundo pra eu ficar observando cheio de inveja" sugeriu o passarinho.

- "Só se antes você voar bem alto para que eu poder apreciar seu magnífico vôo daqui" respondeu espertamente o peixinho.

Nesse vai e vem a minhoca foi parar pertinho de um gato malandro que estava ouvindo a conversa toda na moita. O susto foi tão grande que o peixinho e o passarinho fugiram da cena num segundo. Moral da história: Minhoca não nada nem voa, em compensação gato não come!


Rita Lee

4 comentários:

  1. Nayre.

    Ambientalista, percorro várias páginas para divulgar o VERDE VIDA, dedicado à causa ambiental e humanística. Se puder, visite-nos.

    http://vervida.blogspot.com

    Parabéns pela postura !

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  2. Oi Cláudio.
    Seu é blog lindo! E já estou seguindo.
    Agradeço o apreço.
    Vamos trocar umas figurinhas...
    Quero lê-lo com calma.

    Abraço de Luz.

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  3. Muito bom. Bela estória...

    Abraços

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  4. História verídica.

    A quebrar paradigmas e explorar dimensões.

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