28 de julho de 2011

O inconsciente se manifesta na matéria

Ao longo de minha jornada nesta vida, sempre me deparei com sincronias inexplicáveis.  Quando isso começou a acontecer, nunca havia lido nada de C.G Jung e suas descobertas sobre o fenômeno da sincronicidade... Muito menos sobre as geniais descobertas de Rupert Sheldrake e os "Campos Mórficos".
Mas fico pensando se esses fenômenos de ligações de afinidade entre seres da mesma espécie se propagam além da vida, na vida além.

Eu hesitei muito em escrever sobre as experiências reais que tive relacionadas a essas sincronias porque eu teria que expor outra pessoa com a qual tive (tenho) uma ligação invisível, e como vou preservar sua identidade, não citarei seu nome, mas contarei um pouco dessa ligação, até porque, uma discípula de Jung disse que quando você divide seus segredos e temores com o mundo, aquela experiência que antes o atormentava, enlouquecendo e tirando a paz, deixa de ser uma carga só sua, e passa a ser problema e (quem sabe?) equação da humanidade inteira. Se está fora de mim, explicada e compartilhada, deixa de ser uma história velada e passa a ser objeto de estudo e patrimônio da humanidade. Acredito que conhecendo o inconsciente, teremos acesso a um Livro bem precioso para a Terra:  A Memória Cósmica.

Não sei o que se sucederá após isso. Mas sinto uma necessidade de ao menos começar a por pra fora e  sinto que essa é a hora para isso.

Os Barqueiros de Avalon

Certa noite, nos meus 20 anos,  tive um sonho muito misterioso.
Sonhei que eu era uma habitante de uma Ilha e saía de lá conduzida por um barqueiro (ele estava nu,  tinha pinturas tribais no corpo e era careca. Seu corpo era pintado de azul com umas marcas brancas  por cima) atravessando o nevoeiro para o Continente (uma cidade grande, uma capital que não sei dizer qual é). Ele me deixava na margem e eu entrava em uma espécie de casa noturna, onde só havia jovens com roupas escuras e postura de rock. Uma voz me dizia que era a minha Missão entrar naquele Underground e levar os ensinamentos da Ilha de onde vim.

Detalhe: Eu nunca havia lido "As Brumas de Avalon", somente depois fui conhecer o livro e saber que Morgana e as outras mulheres da Ilha eram conduzidas por barqueiros nus numa espécie de gôndola antiga.


***

Sempre tive esse animismo com a literatura e a arte em geral, de sentir algo profundamente e projetar isso em forma de imagem, palavras ou acontecimentos póstumos ou simultâneos na vida de alguém ou na obra de algum artista. Essa capacidade paranormal que tenho, essa ligação com certas pessoas ou artistas que algumas vezes me assustou ou por vezes me encanta, é algo natural em mim, o que já não me perturba mais como fazia quando eu era mais jovem e não tinha para quem contar sem ser tida como louca.

***

Silêncio não, som!



"é sonho-segredo Não é segredo Araçá Azul fica sendo O nome mais belo do medo Com fé em Deus


Eu não vou morrer tão cedo "


Num dia de sábado, no ano de 2009, estava a ouvir a canção "De Conversa / Cravo e Canela" do álbum Araçá Azul de Caetano Veloso, em meu quarto, sozinha. Esse disco de Caetano já me causou estranhas sensações, desde que o ouvi pela primeira vez e confesso que já me deu um medo tão misterioso que pegou até no meu músculo cardíaco. Não sei que mandinga o Caetano botou naquele disco, sinceramente, mas que ele mexeu com minha alma, isso mexeu. Bom, continuando meu relato, naquele momento resolvi acender um incenso de canela e aquele aroma, no mesmo instante me despertou um desejo sexual incontrolável. Peguei um livro chamado "Mujeres que Corren con Lobos" pra ver se me distraia...Imediatamente veio uma voz e me disse: se você abrir o seu MSN agora vai ter uma surpresa. Entrei, mas fiquei em off line e dito e feito: eu tive não uma, mas duas surpresas:  dei de cara com o nick name de uma amiga que naquele dia estava simplesmente como "La Loba". Coração bateu mais rápido quando li. Mas então, prossegui observando e tem mais nessa história... Fui navegar um pouco, não chamei a tal pessoa pra conversar e não disse nada a respeito da sincronia também... Procurei as letras do disco Araçá Azul e comecei a ler a letra de "De Palavra em Palavra" em silêncio e terminei em voz alta:

som


mar


amarelanil


maré


anilina


amaranilanilinalinarama


som

mar


silêncio


não


som


Quando li essas três últimas palavras , senti-as  no meu corpo inteiro, porque percebi-me vivendo aquele momento, que era exatamente aquilo: uma ordem: Silêncio não, Som!

NESTE MOMENTO AS PALAVRAS MÁGICAS VIERAM DO CORAÇÃO E... O SILÊNCIO FOI QUEBRADO. JÁ ESTAVA ESTABELECIDA A LIGAÇÃO TELEPÁTICA.


Imediatamente do lado do nick de "La Loba" apareceu um indicativo de que minha amiga começara a ouvir uma música com Harry Connick Jr. chamada Danny Boy.  Ah! Eu fiquei surpresa com a telepatia imediata, até porque, essa pessoa (La Loba) de quem falo nunca tinha ligado música no msn e acionado o botão "O que estou ouvindo", ao longo dos anos em que tivemos contato virtual. Eu continuando em silêncio, vi o indicativo da música mudar para a seguinte ... E sabe qual ela ouviu em seguida? Uma do álbum 'Fina Estampa' do CAETANO VELOSO chamada Maria Bonita:



Acuérdate de Acapulco,


de aquellas noches,

María bonita, María del alma.

Acuérdate que en la playa

con tus manitas las estrellitas

las enjuagabas.



Tu cuerpo del mar juguete, nave al garete,

venían las olas, lo columpiaban,

y mientras yo te miraba,

lo digo con sentimiento,

mi pensamiento te traicionaba.



Te dije muchas palabras de esas bonitas

con que se arrullan los corazones,

pidiendo que mi quisieras,

que convirtieras en realidades mis ilusiones.

La luna que nos miraba

ya hacía un ratito

se hizo un poquito desentendida,

y cuando la vi escondida

me arrodillé a besarte

y así entregarte toda mi vida.



Amores habrás tenido, muchos amores,

María Bonita, María del alma,

pero ninguno tan bueno ni tan honrado

como el que hiciste que en mí brotara.



Lo traigo lleno de flores

como una ofrenda

para dejarlo bajo tus plantas.

Recíbelo emocionada

y júrame que no mientes

porque te sientes idolatrada.



* Em seguida desconectou.



Considerações finais do Post

Tenho outras mais dessas "coincidências inexplicáveis" que não servem pra nada (ou se servem, não têm uma explicação mais plausível do que a de se tratar de puro animismo mesmo) a não ser pra nos dizer que mesmo que neguemos sempre, há evidências de que temos sim, uma ligação com as pessoas que nós amamos. Mesmo que elas estejam vivendo outra vida, longe de nós.

Eu até iria falar mais a respeito disso, mas misteriosamente, depois que contei, me sinto estranhamente desenergizada. Incapaz de continuar, vou andar de bicicleta no sol ou procurar a companhia de alguém pra abstrair essa indefinição (?) que agora tomou conta de mim...


Como sempre... Mistééério.


(Nayre)












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Baseado no trabalho em esoterologia.blogspot.com.br.

27 de julho de 2011

O Brasil visto de fora

Passamos um pedaço da semana ocupados com um assunto menos importante do que parece. Foi suscitado pelo correspondente do jornal espanhol El País, em artigo em que discorria sobre sua dificuldade de entender por que os brasileiros não ficam “indignados” com o Brasil. Em especial, por que não saem às ruas para protestar contra a falta de ética e a corrupção.


O texto foi republicado por O Globo, três semanas depois de ter saído na Espanha. Parece que a direção do jornal carioca ficou indignada com a falta de repercussão do texto original. Resolveu traduzi-lo e mandou fazer reportagem de capa a respeito do tema.

O autor, Juan Arias, deve ter ficado satisfeito com a deferência de seus colegas. Voltou à discussão na terça-feira, dessa feita em matéria intitulada “A imprensa se converte no paladino contra a corrupção no Brasil”. Título tão surpreendente para quem conhece as corporações da mídia brasileira que só pode ser explicado como retribuição ao destaque que recebera.

Suas ideias foram encaixadas no modelo de interpretação de nossa realidade que é típico das redações dos grandes jornais. Nele, tudo é explicado a partir de uma premissa: os males do Brasil são culpa de Lula e do PT.

É fácil interpretar nossa realidade política e social sabendo, de antemão, a resposta a todas as perguntas. Qualquer coisa pode ser assim compreendida, incluindo a “apatia da sociedade” que não se indigna e não reage contra tudo de errado que existe.

Como afirmou o editorial de O Globo: “O fenômeno da inapetência política diante do assalto aos cofres abastecidos pelos pesados impostos pagos pelo contribuinte tem múltiplas raízes. A mais profunda deriva da bem-sucedida execução de um projeto de cooptação com dinheiro público… (através de organizações) convertidas em correias de transmissão do lulopetismo”.

O engraçado no raciocínio é que a “raiz profunda” da pequena disposição contestatória da população teria nascido outro dia. Se foi obra do “lulopetismo”, é de imaginar que, antes de que Lula chegasse ao poder, o problema inexistisse. Na visão singela do editorialista, talvez fossemos, até 2002, uma sociedade de ampla participação popular, onde o povo vigiava os políticos e só tínhamos a corrupção que passava despercebida. Foi quando veio Lula e estragou tudo.

Não parece que Juan Arias concordaria com uma tese tão superficial. Seu texto não atribuía ao “lulopetismo” a responsabilidade pela situação que o deixava perplexo. O que discutia eram os traços gerais de nosso sistema político, em nada circunscritos a um partido ou governante. A “indignação” que cobrava não seria do povo contra o governo federal, mas também o Congresso, a política nos estados e nos municípios.

O texto tratava Dilma de maneira peculiar. Para ele, “(…) curiosamente, a mais irritada com o ataque dos políticos aos cofres públicos parece ser a primeira presidente mulher”. Ou seja, apesar da lamentada ausência do “povo nas ruas”, ela seria “indignada” o suficiente para não aceitar a corrupção e estaria dando mostras disso no modo como enfrentou os casos Palocci e Alfredo Nascimento.

Nem se precisa dizer que essa avaliação esteve totalmente ausente nas repercussões do texto no Globo. Admiti-la implicaria abrir mão do modelo em que o “lulopetismo” é o grande culpado.

O assunto acabou fazendo um percurso curioso. Primeiro, um correspondente estrangeiro escreveu um artigo com o olhar característico de quem vê de fora nossos problemas. Daí, achando que era instrumental, um jornal local o importou, adaptando-o à sua visão. Foi buscar lá fora argumentos que referendavam suas ideias e lhes davam certo ar cosmopolita, mesmo algumas que o texto inicial não subscrevia. Terminou como se o El País condenasse o “lulopetismo”.

Não era isso, mas quem se importa? Em redações como a desse jornal, a única coisa relevante é combater.


Marcos Coimbra





Marcos Coimbra é sociólogo e Presidente do Instituto Vox Populi






22 de julho de 2011

o peixinho, a flor & a ROCHA GIGANTE




Morro crescido então... Se virei montanha. Posso.

Devo ser a pedra silenciosa do saber ouvir, e me calar.

A rocha gigante.

Brinquedo de homem escalante e/ou de bicho interessante querendo se alcançar. No topo a mais bela flor da consciência, a flor do firmamento, brilhando estrela cadente do céu à Terra, ligação do mais alto astral ao chão.

O telefone toca dentro da casa de dançar da alma. Uma chamada a cobrar interdimensional.

A música ecoando...

Quem será o deus do outro lado? Será meu Deus? Ou o adeus, deus do avesso?



Um voo pássaro zumbido

ligeiro bater das asas ágeis

me beija e me pólem



Fertilizada-mente-anti-seca irrigando pensamento. Adubando.

Mais uma criança acrescida nessa história, resgatando sua memória menina; da deusa mãe a lhe embalar soprando canto, a lhe dar o peito de mamar, alimentar de puro amor.



O beija-flor veio me dizer que o SIM voltou para ficar. Já era a Era do NÃO.



Tem novidade na área: A Nova Era.




*

*

*

Era uma vez um peixinho.

Um tanto metido e abusado.

Intencionava voar, pobrezinho, para alcançar a flor celeste no alto da rocha gigante.

Veja só que sandice. Copia só.

Mergulhava no ar se debatendo em nadadeiras.

Mas logo lhe faltava força d'água para respirar.

Sentia tanta dor que parecia que ia.

Depois do salto, o certo era tombo no mar.

Tristinho a observar sua natureza incapaz, amoeceu. Adoecido de desejo.

No canto mais escuro que encontrou ali ficou.

No mais sozinho... salinizando oceano.

Tempo passando e o peixinho lá chorando, nadando em lágrimas, tanto que o pacífico se encheu e transbordou, invadindo atlântico o continente americano, depois Europa, da Africa também pouco sobrou por terra.

O que havia de mais profundo oceânico, agora era terra emergida à luz do sol, e vice-versa.

A rocha gigante afundada no mar... O peixinho teve então sua chance.

E lá foi ele, livre e belo peixe, se criando no caminho, inventou o seu bater de asas... e voou.

Pensava em beijar a flor e assim o fez.



[Ale Kirchmayer]






 
 
 
 
 

21 de julho de 2011

Tateando no Escuro

"É necessário tatear nas trevas, eu sei. A linha do destino nunca se apresenta muito clara aos olhos - mas a vida é assim mesmo. E é bom que a pessoa tenha que procurá-la; no próprio ato da busca, algo cresce dentro dela." (Osho)

Respirando e Sendo...




Quanto vale um instante?

Quanto custa um momento?



Respirar simplesmente,

Ser,

Tudo isso que é tão nada,

Representa o âmago do seu existir.



Quanto custa tudo isso?

Praticamente nada,

Nem nos damos conta que isso acontece.



Tempo corre, horas, dias, anos,

Respirando e sendo...

Sendo e respirando...

Onde fica todo esse tempo?

Onde fica toda essa pressa?



Se respiro no presente,

Se sou agora,

Se só tenho esse instante,

Nada mais...



E se me der conta de cada instante,

Respirando e Sendo,

Alcanço mais,

Alcanço algo que sempre me escapava...




Alcanço a Paz


Alcanço o mundo inteiro,

Me faço Um com o mundo,

Que É

Que Respira,

Que só tem

o Agora.

E isso basta...

20 de julho de 2011

A natureza está muito além das conceitualizações estabelecidas

Luz & Sombra sempre existiram no interior do ser humano. Mas é exatamente por causa desse contrastante conflito interno que nós evoluímos. É nas lutas que o Espírito humano empreende na vida que a alma adquire profundidade. Trazendo a própria obscuridade ao nível da consciência, para que seja transmutada em luz, trazemos à claridade algo em nós que antes, ignorávamos. Geralmente temos necessidade de nos livrarmos constantemente de dogmas e erros que se incrustam nos nossos corpos, e que por serem tidos como verdades absolutas pela grande maioria das pessoas, as que têm preguiça de pensar, de vivenciar os próprios desafios, confunde-se muito o Bem Maior com definições arcaicas e engessadas do que seja considerado bom ou mau. É importante lembrar que o ponto luminoso da vida está sempre se deslocando, girando, se reagrupando, se reequilibrando, é o TAO. O universo gira e se movimenta ao mesmo tempo. E não é raro que nos encontremos constantemente formulando conceitos pré-estabelecendo tudo. Como se tivéssemos de definir a vida para o mundo... Entiquetar e engavetar... E esse método até certo ponto é válido, afinal, para nos comunicarmos com os outros, temos que nos organizar e nos fazer entender, não é mesmo?
E nessas horas as palavras bem ditas ( benditas )  podem ser um santo remédio. Então tentamos dizer ao outro - que é tão importante para nós - porque nós queremos ser compreendidos, ora. Saber que não estamos loucos ou sozinhos nessa coisa imensa que é a vida... Mas na mistura com o mundo, nessa mistura toda aí, nós herdamos signos estabelecidos culturalmente que não são, propriamente nossos, e muitas vezes ao invés de fazerem o papel da ''linguagem universal'', torna tudo padronizado.
Mas nós agora despertamos pra essa falha e resolvemos quebrar todas essas fôrmas de gesso: essa maneira superficial e rápida de ver o outro. 

Penso, nesse momento, na autonomia que tenho para avaliar  tudo o que passa por mim...

O que é amargo na vida, não deve ser sempre, necessariamente ruim, mas também pode ser sim, pura crueldade gratuita. O que é doce pode ser maravilhoso se for a hora de se florescer, mas também pode ser algo totalmente artificial e fora de hora. Há todo um processo para sentir além dos conceitos. Esse é o verdadeiro processo de iluminação consciente. E não esse aceitar da ignorância interna passivamente e afirmar: ''eu sou assim mesmo, tenho o bem e o mal dentro de mim e será sempre assim''... Permanecendo na posição cômoda, sendo capaz de passar a vida semi-consciente, sem nunca conseguir superar esse dualismo mental que geralmente tem raízes na vaidade, no egocentrismo, no egoísmo imediato, na busca inútil  e incessante da mente por nada que nunca termina, a não ser quando já não podemos fazer mais nada do que ter de tapar toda essa angústia gerada com "drogas de aluguel", seja em forma de banalização do sexo, do uso de potencializadores (álcool e afins) sem noção do sagrado, o lazer sem sentido (quem se  habitua a festa rotineira de final de semana,  a certa altura da vida nem se lembra mais porque está festando) . É um círculo vicioso que não acorda para atingir o centro de si, penetrando no cerne da compreensão. 

E há tanto para se aprender diariamente...

A vida nos empurra diariamente para o auto-conhecimento (algo tão amplo!) ,  o auto-questionamento: tipo, será que estou sendo razoável com o outro, ou considerando a sua bagagem de vida  e me preocupando com o que o outro pensa/sente ou só estou pensando em passar o recado do meu ego querido e recalcado?

Então, qual seria o propósito maior de estarmos aqui, senão é o de auto-aperfeiçoamento?
A vida é um grande laboratório... A Terra é uma grande mãe acolhedora.
Não disperdicemos nossas ricas viagens neste planeta com coisinhas insignificantes.

(nayre)










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17 de julho de 2011

Imagens do Inconsciente



Acima uma belíssima ilustração de autoria de Carl Jung, o grande gênio da psicologia, em seu Red Book (Livro Vermelho). Para quem não conhece, o livro foi lançado no Brasil no ano passado. Este livro é considerado uma obra-prima. Pesando mais de 4 kg, ele é ricamente ilustrado e foi escrito em letra calígrafo. Na verdade trata-se de uma cópia exatamente igual (fac-simile) ao livro vermelho original feito pelo próprio Jung.

A imagem parece retratar o mito da Criação - a explosão do Ovo Cósmico, símbolo da Totalidade. Em diversas mitologias, relata-se que foi a explosão do Ovo Cósmico (Big bang) que tornou possível a manifestação da vida no universo. A árvore na imagem, símbolo da vida em perpétua evolução e ascenção, parece ser uma representação do eixo do mundo; ela tem suas raízes na terra, mas alcança o céu, onde há uma grande circunferência - símbolo do self.

Abaixo editei um trecho de um artigo da Revista Simples sobre o Jung e as imagens do inconsciente. O link para a matéria está no final deste post.

"...Jung dizia em sua teoria que o inconsciente envia símbolos à tona para que a mente consciente possa, aos poucos, ir compreendendo e integrando todo seu conteúdo submerso. Trata-se de uma atividade natural da psique. Assim a personalidade total do indivíduo se desenvolve e amadurece: integrando os símbolos do inconsciente. Com esse aumento de compreensão, automaticamente a consciência se amplia. Para Jung, o "ego" é apenas o centro da consciência, mas quem comanda mesmo a psique é o "self (si-mesmo)" - uma unidade psíquica maior e mais importante que o ego. O self é o ponto central da psique total do indivíduo. É o self que envia os símbolos à consciência para serem interpretados e revelados. Segundo Jung, esse inconsciente se exprime por meio de símbolos, que vêm à tona em sonhos, mitos e expressões artísticas.

Tudo para ampliar nossa consciência sobre si mesmo e nos fazer amadurecer psicologicamente. A este processo Jung chamou de Individuação.

Todos os seres humanos, de qualquer povo, diz ele, compartilham os mesmos símbolos, mas em cada cultura eles têm roupagens próprias. A essas "fôrmas" comuns e universais ele deu o nome de Arquétipos."

Leia o artigo (de autoria da Liane Alves) na íntegra: clic aqui

Glossário junguiano:


EGO - É a identidade pessoal, aquilo que chamamos de "eu". É o centro ordenador do nível consciente, mas representa uma pequena parte da psique, a ponta de um iceberg

PSIQUE - Conjunto dos níveis consciente e inconsciente do ser humano. Sinônimo de mente

SI-MESMO (SELF)- Centro ordenador da inconsciência e ponto central da psique toda

INDIVIDUAÇÃO - O processo de integração dos níveis consciente e inconsciente. Quando se completa, a psique torna-se una

MANDALA - Símbolo do si-mesmo e da totalidade. Está presente em várias culturas do mundo - os vitrais em forma de rosácea das catedrais góticas são exemplos de mandala

INCONSCIENTE INDIVIDUAL - O nível mais superficial do inconsciente. É pessoal e guarda desejos reprimidos

INCONSCIENTE COLETIVO - O nível mais profundo do inconsciente, onde estão os arquétipos. É comum a toda a humanidade

ARQUÉTIPOS - Conceitos primordiais, comuns a toda a humanidade, mas que recebem roupagens diferentes em cada cultura. O arquétipo da grande mãe, por exemplo, pode ser visto na imagem de Nossa Senhora e em diversas deusas da África, Ásia ou Oceania. Manifestam-se em sonhos e mitos e nas artes.

Replicado de Despertar

29 de junho de 2011

Diferença Lógica Entre Religião e Espiritualidade






A religião não é apenas uma, são centenas.

A espiritualidade é apenas uma.

A religião é para os que dormem.

A espiritualidade é para os que estão despertos.



A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.

A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.

A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.

A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.



A religião ameaça e amedronta.

A espiritualidade lhe dá Paz Interior.

A religião fala de pecado e de culpa.

A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro"..



A religião reprime tudo, te faz falso.

A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!

A religião não é Deus.

A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.



A religião inventa.

A espiritualidade descobre.

A religião não indaga nem questiona.

A espiritualidade questiona tudo.



A religião é humana, é uma organização com regras.

A espiritualidade é Divina, sem regras.

A religião é causa de divisões.

A espiritualidade é causa de União.



A religião lhe busca para que acredite.

A espiritualidade você tem que buscá-la.

A religião segue os preceitos de um livro sagrado.

A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.



A religião se alimenta do medo.

A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.

A religião faz viver no pensamento.

A espiritualidade faz Viver na Consciência..

A religião se ocupa com fazer.

A espiritualidade se ocupa com Ser.

A religião alimenta o ego.

A espiritualidade nos faz Transcender.



A religião nos faz renunciar ao mundo.

A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.

A religião é adoração.

A espiritualidade é Meditação.



A religião sonha com a glória e com o paraíso.

A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.

A religião vive no passado e no futuro.

A espiritualidade vive no presente.



A religião enclausura nossa memória.

A espiritualidade liberta nossa Consciência.

A religião crê na vida eterna.

A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.



A religião promete para depois da morte.

A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.



Texto é do Prof. Dr. Guido Nunes Lopes, que escreve em seu blog:


Sou graduado em Licenciatura e Bacharelado em Física pela Universidade Federal do Amazonas (FUAM, 1986), Mestrado em Física Básica pelo Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IF São Carlos, 1988) e Doutorado em Ciências em Energia Nuclear na Agricultura pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (CENA, 2001). Fui fundador e editor chefe (2004 a 2009) da Revista Brasileira de Agroambiente Agro@mbiente On-line (ISSN 1982-8470) do CCA /UFRR, e atualmente sou membro dos Conselhos Editoriais dos Períodicos: Revista Cathedral (impressa, ISSN 1808-2289), Ambiente: Gestão e Desenvolvimento (revista on-line, ISSN 1981-4127) e Mens Agitat (impressa, ISSN 1809-4791). Sou docente adjunto do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Roraima e membro titular fundador da Academia Roraimense de Ciências. Tenho experiência na área de Física Aplicada, com ênfase em informações sobre átomos e moléculas obtidos experimentalmente; instrumentação e técnicas analíticas, atuando principalmente nos seguintes temas: energias renováveis, tecnologia de irradiação, irrigação magnética e sistemas de informações.




















22 de junho de 2011

Kundalini e o Terceiro Olho [Vajroli]


                                                            
O casal Tântrico recebe do Guru uma versão inteiramente diferente da compreensão usual do que é o sexo bem-sucedido. Enquanto as massas da humanidade profundamente envolvidas em atividades sexuais buscam o sexo com o propósito de atingir o clímax, ocorre exatamente o oposto com os amantes tântricos. Na atividade usual das massas, macho e fêmea unem-se em um pânico aparentemente frenético para atingir o que acreditam ser o sucesso supremo - o clímax, o orgasmo.
O par Tântrico é treinado para alcançar um objetivo inteiramente diferente. Em primeiro lugar, enfatiza-se a consciência de que deve  ocorrer a união não apenas dos órgãos físicos, mas também dos níveis emocional, mental, psíquico e espiritual. Assim, o casal Tântrico procura expressar o amor não apenas fisicamente, mas mental, emocional, psíquica e, por fim, espiritualmente.
O Instrutor, guiando o par Tântrico em direção à Tantra ioga, instrui-o segundo um método ióguico através do qual o controle respiratório e os fechos musculares são empregados durante o intercurso, num esforço de converter o clímax sexual em conservação do fluido seminal e não seu desperdício fora do corpo. A perda promíscua e excessiva do fluido seminal torna difícil à mente absorver conhecimento e sabedoria, simplesmente porque é negada às células cerebrais a sua porção de essência ascendente do sêmen - chamada ojas . A referência de sêmen inclui os fluidos reprodutivos tanto do homem quanto da mulher, porque a mulher possui sêmen assim como o homem - ou um fac-símile do mesmo - embora os fluidos difiram em consistência. É mais abundante no macho, contendo esperma, a semente germinativa masculina. Na fêmea é mais sutil, menos óbvio e de qualidade diferente. Nos ensinamentos hindus, o sêmen masculino é chamado de virya. O feminino é raja virya. Mas tanto os devotos homens como mulheres praticam os mesmos kriyas e mudras para atingir a ascenção e a transformação dos fluidos reprodutivos. A força vital - a força de kundalini - que permeia o sêmen é chamada ojas. É essa essência sutil que se eleva por sushumna, e não a substância gelatinosa do sêmen. Ojas sobe, separa-se e escapa da substância do sêmen tão sutilmente como o ar aquecido sobe em direção ao teto de um aposento e escapa em forma de vapor. Sua transmutação, sua força aumentada e finalmente sua ascenção através de sushumna são atingidas através do controle da respiração, do controle da mente e controle muscular físico nos fechos do corpo. 
Esta transmutação seminal é, com efeito, o principal propósito de toda meditação. Inicialmente, há o desejo de "unir-se com Deus". À medida que a meditação prossegue, o aspirante geralmente tenta, por meio de várias técnicas - controle respiratório (pranayama), cantos, etc. - elevar Kundalini e abrir o Terceiro Olho. Uma vez que a Kundalini tenha sido desperta, pode acontecer um dia que, durante a meditação, ocorra um momento em que o virya ojas comece automaticamente a elevar-se na direção do chakra do umbigo, trazendo uma sensação de alegria indescritível. Após mover-se lentamente para cima, para atingir o chakra da Coroa, volta-se e começa fluir novamente para baixo. Chegando ao chakra raiz, torna a elevar-se outra vez repetindo um ciclo contínuo. Este processo é conhecido como Urdhvareta .
O devoto, durante a meditação, é capaz de discernir quando quando a essência ojas do fluido seminal está fluindo para cima, na direção do coração. Conforme avança em seu pranayama e meditação, um dia irá experimentar o kriya interior chamado vajroli . Há uma sensação distinta de que um clímax sexual está por ocorrer, mas a essência do fluido está-se elevando na direção do cérebro. Atingindo o chakra da Coroa, traz insuperável bem-aventurança. O devoto a conhece porque experimenta uma espécie de orgasmo sexual dentro da cabeça, com a união das glândulas pituitárias e pineal no terceiro ventrículo. Quando esse processo está por ocorrer, não é incomum que os músculos abdominais e os órgãos da região pélvica sejam puxados fortemente para cima e uma cavidade se forme no centro do abdome. À medida que ojas passa em sua ascenção, os órgãos e músculos afrouxam sua tensão e relaxam.



Eis uma citação direta da Escritura Sagrada chamada Hatha Ioga Pradipika:
      
O mestre Vajroli alcança Siddhi (poderes psíquicos) por seus próprios esforços, mesmo quando não segue precisamente as regras da ioga. Por isso, são necessárias duas coisas difíceis de encontrar. Uma é o leite e a outra é o co-praticante bem na faixa de comunicação. O Bindu (a essência do sêmen) deve ser puxado para cima por contração, seja para o homem, seja para a mulher. Quem pratica Vajroli alcança Siddhi.

O Bindu do clímax deve ser retido e preservado no próprio cérebro. Aquele que for capaz de reter o clímax torna-se mestre da morte e conhecedor da ioga, pois a descarga de Bindu traz a depressão e suas consequências, enquanto a retenção traz a vitalidade, vigor, poder e concentração. Se o Bindu está firme, onde está então o temor da morte? O Bindu que é controlado pelo poder da mente confere vida. Por essa razão, o Bindu deve ser cuidadosamente controlado. O orgasmo deve ser preservado pela poderosa contração dos órgãos genitais.

O verdadeiro Samadhi é experimentado somente depois que a essência ojas do fluido seminal começa a se elevar. Os chakras e nervos etéricos - ida, pingala e sushumna - têm exatamente a mesma estrutura no homem e na mulher. O poder da Kundalini é também o mesmo. A única coisa que difere, como dissemos, é a consistência do fluido seminal. Nesta era da Kali Yuga (a Idade Cósmica, ou ciclo de tempo, através do qual a humanidade está passando em nosso planeta Terra), o homem parece não entender a suprema importância de conservar o fluido seminal. Considerando que uma gota infinitesimal contém inúmeras sementes germinativas, uma das quais, implantada no óvulo feminino, começa a formação de uma nova forma humana - certamente isso fala de seu misterioso poder criativo. Cada gota é preciosa. Com a prática seja da continência (auto-restrição), seja do celibato (negativa total), seja do Tantra, a meditação torna-se mais fácil. Quando o homem aprende a conservar e transmutar os fluidos do sêmen, gera dentro de si a essência vital necessária para reter a juventude indefinidamente. Perda  de sêmen significa perda de força, beleza, juventude, magnetismo, poder curativo e radiância interna e externa. Portanto, cada aspirante é instruído por seu guru a entesourar e conservar cada gota do fluido de ouro.


Fonte: Kundalini e a Terceira Visão - Editora Record
Earlyne Chaney e William L. Messick

13 de maio de 2011

Campos Morfogenéticos e Egrégoras





A hipótese dos campos morfogenéticos foi formulada por Rupert Sheldrake. Segundo o holismo, os campos morfogenéticos são a memória coletiva a qual recorre cada membro da espécie e para a qual cada um deles contribui.
Morfo vem da palavra grega morphe que significa forma. O campos morfogenéticos são campos de forma; padrões ou estruturas de ordem. Estes campos organizam não só os campos de organismos vivos mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico -a hemoglobina , um campo de insulina, etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campo mórfico. Estes campos são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro da natureza…”
Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia , e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois tido sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente. ”
Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processos de energia cujos resultados são incertos ou probabilísticos. Os Campos Mórficos funcionam modificando eventos probabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é rigidamente determinada. Os Campos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramente aleatórios. Em vez de uma grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma que certas coisas acontecem em vez de outras. É deste modo como eu acredito que eles funcionam.
“Campos mórficos são laços afetivos entre pessoas, grupos de animais – como bandos de pássaros, cães, gatos, peixes – e entre pessoas e animais. Não é uma coisa fisiológica, mas afetiva. São afinidades que surgem entre os animais e as pessoas com quem eles convivem. Essas afinidades é que são responsáveis pela comunicação.”
Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável mas que muda ao mesmo tempo, que muda o sistema com o qual esta associado. O campo morfogenetico de uma samambaia tem a mesma estrutura que o os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmo tipo. Os campos morfogenéticos de todos os sistemas passados se fazem presentes para sistemas semelhantes e influenciam neles de forma acumulativa através do espaço e o tempo.
A palavra chave aqui é ” hábito “, sendo o fator que origina os campos morfogenéticos . Através dos hábitos os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando causa deste modo às mudanças estruturais dos sistemas aos que estão associados. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material.
Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfico específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.
Sua atuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos uma folha de papel sobre um ímã e espalhamos pó de ferro em cima dela, os grânulos metálicos distribuem-se ao longo de linhas geometricamente precisas. Isso acontece porque o campo magnético do ímã afeta toda a região à sua volta. Não podemos percebê-lo diretamente, mas somos capazes de detectar sua presença por meio do efeito que ele produz, direcionando as partículas de ferro. De modo parecido, os campos mórficos distribuem-se imperceptivelmente pelo espaço-tempo, conectando todos os sistemas individuais que a eles estão associados.
A analogia termina aqui, porém. Porque, ao contrário dos campos físicos, os campos mórficos de Sheldrake não envolvem transmissão de energia. Por isso, sua intensidade não decai com o quadrado da distância, como ocorre, por exemplo, com os campos gravitacional e eletromagnético. O que se transmite através deles é pura informação. É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado por toda a espécie.
O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de “ressonância mórfica”. Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva. Em nosso exemplo, a ressonância mórfica entre macacos da mesma espécie teria feito com que a nova técnica de quebrar cocos chegasse à ilha “B”, sem que para isso fosse utilizado qualquer meio usual de transmissão de informações.
Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma atividade mental superior, focalizada e intencional que relaciona dois ou mais indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, ao contrário, é um processo básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo. Sheldrake apresenta um exemplo desconcertante dessa propriedade.
Quando uma nova substância química é sintetizada em laboratório – diz ele -, não existe nenhum precedente que determine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das características da molécula, várias formas de cristalização são possíveis. Por acaso ou pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, uma dessas possibilidades se efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que isso ocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a ressonância mórfica gerada pelos primeiros cristais faz com que a ocorrência do mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquer laboratório do mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que aconteça novamente em experimentos futuros.
Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado tanta polêmica. Em 1981, quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida de maneira diametralmente oposta pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientist elogiava o trabalho como “uma importante pesquisa científica”, a Nature o considerava “o melhor candidato à fogueira em muitos anos”.
Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma larga experiência de vida, Sheldrake já era, então, suficientemente seguro de si para não se deixar destruir pelas críticas. Ele sabia muito bem que suas idéias heterodoxas não seriam aceitas com facilidade pela comunidade científica. Anos antes, havia experimentado uma pequena amostra disso, quando, na condição de pesquisador da Universidade de Cambridge e da Royal Society, lhe ocorreu pela primeira vez a hipótese dos campos mórficos. A idéia foi assimilada com entusiasmo por filósofos de mente aberta, mas Sheldrake virou motivo de gozação entre seus colegas biólogos. Cada vez que dizia alguma coisa do tipo “eu preciso telefonar”, eles retrucavam com um “telefonar para quê? Comunique-se por ressonância mórfica”.
Era uma brincadeira amistosa, mas traduzia o desconforto da comunidade científica diante de uma hipótese que trombava de frente com a visão de mundo dominante. Afinal, a corrente majoritária da biologia vangloriava-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e fazia do DNA uma resposta para todos os mistérios da vida.
A realidade, porém, é exuberante demais para caber na saia justa do figurino reducionista.
Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado?
A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos e que tal fato depende das interações de cada célula com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células do aglomerado e o meio ambiente). É preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças para engolir uma “explicação” dessas. Como é que interações entre partes vizinhas, sujeitas a tantos fatores casuais ou acidentais, podem produzir um resultado de conjunto tão exato e previsível? Com todos os defeitos que possa ter, a hipótese dos campos mórficos é bem mais plausível.
Uma estrutura espaço-temporal desse tipo direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes.
Ação modesta
A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macro-moléculas. Os genes ditam essa estrutura primária e ponto.
“A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos organismos não estão programadas no código genético”, afirma Sheldrake. “Dados os genes corretos, e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente. Isso é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontaneamente.”
A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e os organismos seria ditada por um tipo particular de campo mórfico: os chamados “campos morfogenéticos”. Se as proteínas correspondem ao material de construção, os “campos morfogenéticos” desempenham um papel semelhante ao da planta do edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações dessa analogia. Porque a planta é um conjunto estático de informações, que só pode ser implementado pela força de trabalho dos operários envolvidos na construção. Os campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interação com os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância mórfica.
Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo.
Forma original
O sucesso da operação independe da forma como o pequeno verme é seccionado. O paradigma científico mecanicista, herdado do filósofo francês René Descartes (1596-1650), capota desastrosamente diante de um caso assim. Porque Descartes concebia os animais como autômatos e uma máquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo como o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas.
A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nas cabeças de vários biólogos durante a década de 20. O que Sheldrake fez foi generalizar essa idéia, elaborando o conceito mais amplo de campos mórficos, aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs também a existência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de explicar o surgimento e a transformação dos campos mórficos. Não é difícil perceber os impactos que tal processo teria na vida humana. “Experimentos em psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam“, informa Sheldrake.
Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou que uma figura oculta numa ilustração em alto constraste torna-se mais fácil de perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas. Isso foi verificado numa pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983. Em duas ocasiões, os pesquisadores mostraram as ilustrações 1 e 2 a pessoas que não conheciam suas respectivas “soluções”. Entre uma enquete e outra, a figura 2 e sua “resposta” foram transmitidas pela TV. Verificou-se que o índice de acerto na segunda mostra subiu 76% para a ilustração 2, contra apenas 9% para a 1.
Aprendizado
Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa a pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. “Métodos educacionais que realcem o processo de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado”, conjectura Sheldrake. E essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York dirigida pelo matemático e filósofo Ralph Abraham.
Outra conseqüência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de Carl Gustav Jung e Stanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou transpessoais da psique, receberiam um notável reforço, em contraposição ao modelo reducionista de Sigmund Freud (leia o artigo “Nas fronteiras da consciência”, em Globo Ciência nº 32).
Sem excluir outros fatores, o processo de ressonância mórfica forneceria um novo e importante ingrediente para a compreensão de patologias coletivas, como o sadomasoquismo e os cultos da morbidez e da violência, que assumiram proporções epidêmicas no mundo contemporâneo, e poderia propiciar a criação de métodos mais efetivos de terapia.
“A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal”, afirmou Sheldrake a Galileu. “Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina. Pois nossas ações podem influenciar os outros e serem repetidas”.
De todas as aplicações da ressonância mórfica, porém, as mais fantásticas insinuam-se no domínio da tecnologia. Computadores quânticos, cujo funcionamento comporta uma grande margem de indeterminação, seriam conectados por ressonância mórfica, produzindo sistemas em permanente transformação. “Isso poderia tornar-se uma das tecnologias dominantes do novo milênio”, entusiasma-se Sheldrake.
Uma das primeiras experiências levadas a cabo por Sheldrake foi a dos ratos no laboratório. Foi recapturado do tempo em que ele começou a considerar os campos morfogeneticos. Consiste em ensinar a um grupo de ratos uma certa aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, por exemplo, Londres, para logo observar a habilidade de outros ratos em outro lugar então, por exemplo, Nova Iorque, deixar o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosas ocasiões dando resultados muito positivos.

O famoso CAMPO!!! ( Ou, da mesma maneira, como na formação da subjetividade por repetição, como acreditava Gilles Deleuze, a palavra-chave aqui é ” hábito “, fator original dos campos morfogenéticos. Através dos hábitos, os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando causa deste modo às mudanças estruturais dos sistemas a que estariam associados).


Replicado de Teoria da Conspiração.