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16 de agosto de 2011

O coração como tambor e o canto para criar a vida





E as sintonias continuam.
Semana passada abri ao acaso uma página do livro   | mulheres que correm com os lobos |
E caiu neste pedaço do capítulo 5. O conto analisado  fala do arquétipo da Mulher-esqueleto e a vida-morte-vida. -nayre


*** 

Diz-se que o couro ou a estrutura de um tambor determina quem e o que será conjurado a viver. Acredita-se que alguns tambores são do tipo viajante, pois transporta-se quem toca e quem ouve (também chamados de “passageiros” na tradição da literatura oral) para lugares diversos e variados. Outros tipos de tambores são poderosos sob outros aspectos. Tambores feitos de ossos humanos invocam os mortos. Tambores feitos com o couro de certos animais são bons para conclamar os espíritos de certos animais. Os tambores que são especialmente belos chamam a Beleza. Os tambores com sininhos presos atraem os espíritos de crianças e afetam o tempo. Os tambores com voz grave convocam os espíritos que conseguem ouvir esse tom. Os que têm voz aguda chamam os espíritos que ouvem aquele tom, e assim por diante.

Um tambor feito do coração invocará os espíritos que estão ligados ao coração humano. O coração simboliza a essência. O coração é um dos poucos órgãos essenciais à vida dos seres humanos (e dos animais) Retire-se um rim, e o ser humano sobrevive. Retire-se ainda as duas pernas, a vesícula, um pulmão, um braço e o baço; o ser humano vive. Retire-se o coração e a pessoa se vai no mesmo instante.

O centro fisiológico e psicológico é o coração. Nos Tantras do hinduísmo, que são instruções dos deuses aos seres humanos, o coração é o Anãhata chakra , o centro nervoso que abrange o sentimento por outro ser humano, o sentimento por si mesmo, pela terra e por Deus. É o coração que nos permite amar como ama uma criança: totalmente, sem reservas e sem qualquer capa de sarcasmo, depreciação ou protecionismo.

Quando a mulher esqueleto se vale do coração do pescador, ela está usando o centro motor da psique inteira, o único órgão de real importância, o único capaz de gerar sentimento puro e inocente. Diz-se que é a mente que pensa e cria. Essa história afirma o contrário, que é o coração que pensa e convoca as moléculas, átomos, sentimentos, anseios e o que mais seja necessário, até o único lugar a fim de gerar a matéria que realize a criação da Mulher esqueleto.

A história contém uma promessa: permita que a mulher esqueleto se torne mais palpável em sua vida, e ela em troca engrandecerá sua vida. Quando a libertamos do seu estado emaranhado e confuso e a percebemos como mestra e amante, ela passa a ser uma aliada e uma parceira.

Dar o coração para uma nova criação, para uma nova vida, é uma descida ao reino dos sentimentos. Pode ser difícil para nós, especialmente se tivermos sido feridos por uma decepção ou pela mágoa. No entanto, ele existe para ser tocado, para dar vida plena à Mulher-esqueleto, para nos aproximar daquela que sempre esteve por perto.

Quando um homem entrega seu coração por inteiro, ele se torna uma força espantosa – ele se torna uma inspiração, papel que no passado era reservado apenas às mulheres. Quando a Mulher-esqueleto dorme com ele, ele se torna fértil. Ele é investido com poderes femininos num meio masculino. Ele passa a levar as sementes da nova vida e das mortes necessárias. Ele inspira novos trabalhos a si mesmo, também àqueles que estão por perto.

Com o passar dos anos, percebi isso nos outros e vivenciei em mim mesma. É uma ocasião profunda quando criamos alguma coisa de valor através da crença que o parceiro tem em nós, através do sentimento sincero que ele tem pelo nosso trabalho, nosso projeto, nosso tema. É um fenômeno surpreendente. E não se limita necessariamente aos relacionamentos amorosos; ele pode ocorrer com qualquer um que nos entregue o coração intensamente.

Portanto, o vínculo do homem com a natureza da vida-morte-vida acabará lhe dando ideias às dúzias, bem como enredos, situações, partituras musicais e cores e imagens inigualáveis – pois a natureza da vida-morte-vida, o arquétipo da Mulher Selvagem, tem à sua disposição tudo o que um dia existiu e tudo o que um dia existirá. Quando ela cria, quando canta gerando carne para si mesma, a pessoa cujo coração ela está usando sente o que está acontecendo, enche-se com a criação, transborda com ela.

A história também ilustra um duplo poder que vem da psique através do símbolo do tambor e do canto. Nas mitologias, as canções curam ferimentos e são usadas para atrair a caça. As pessoas são convocadas quando se entoam seus nomes. Alivia-se a dor; alentos mágicos restauram o corpo. Os mortos são invocados ou ressuscitados por meio do canto. Diz-se que toda criação foi acompanhada de um som ou de uma palavra proferida em voz alta, de som ou palavra sussurrada ou pronunciada sem voz. Quem emite esse tipo de “palavra sonora” pode ter tido conhecimento ou compreensão do seu significado ou não. Considera-se que o canto brota de uma fonte misteriosa, que anima toda criação, todos os animais, seres humanos, árvores e plantas e tudo o que o ouvir. Na literatura oral diz-se que tudo o que tem seiva tem canto.

O hino da criação produz a transformação psíquica. A tradição deles é enorme: há canções propiciadoras do amor na Islândia e entre os povos wichita e micmac. Na Irlanda, o poder mágico é invocado pelo canto mágico. Numa história da Islândia, uma pessoa cai em penhascos gelados e tem o membro decepado, mas ele é recuperado por meio de uma canção.

Em quase todas as culturas, no momento da criação os deuses dão canções ao seu povo, dizendo-lhes que seu uso irá chamar os deuses de volta a qualquer instante, que a canção irá lhes trazer o que precisarem e transformar ou eliminar o que não quiserem mais. Nesse sentido, a doação da música é um ato compassivo que permite aos humanos invocar os deuses e as grandes forças até os círculos humanos A música é um tipo especial de linguagem que realiza essa função de um jeito impossível para a voz falada.

A música, como o tambor, cria uma consciência diferente, um estado de transe, de oração. Todos os seres humanos e muitos animais são suscetíveis a terem sua consciência alterada pelo som. Certos sons, como o de uma torneira pingando ou de uma buzina de automóvel, podem nos deixar ansiosos ou até mesmo irritados. Outros sons, como o bramido do oceano ou o ruído do vento nas árvores, nos enchem de uma sensação agradável. O som de baques surdos – como o de pegadas – faz com que a cobra sinta uma tensão negativa. Já uma canção entoada suavemente pode fazer com que a cobra dance.

A palavra pneuma (respiração) compartilha suas origens com o termo psique. As duas são consideradas palavras para a alma. Portanto, quando há uma canção numa história ou numa lenda, sabemos que os deuses estão sendo conjurados a instilar sua sabedoria e seu poder no caso em questão. Sabemos, então, que as forças estão funcionando no mundo espiritual, que estão ocupadas confeccionando almas.

Portanto, a canção entoada e o uso do coração como tambor são atos místicos para despertar camadas da psique não muito usadas ou vistas. A respiração ou pneuma que paira sobre nós abre certas fendas, faz surgir certas faculdades que de outro modo seriam inacessíveis. Não sabemos dizer para cada pessoa o que será invocado pelo canto, despertado pelo tambor, porque eles atuam sobre frestas estranhas e raras no ser humano que participa. No entanto, podemos ter certeza de que seja o que for que acontecer terá uma irresistível força numinosa.

Quiser ler o conto todo, o livro:
 
pág 166 do livro oficial e pág 98 do link: Mulheres que correm com os lobos de  CLARISSA PINKOLA ESTÉS



28 de julho de 2011

O inconsciente se manifesta na matéria

Ao longo de minha jornada nesta vida, sempre me deparei com sincronias inexplicáveis.  Quando isso começou a acontecer, nunca havia lido nada de C.G Jung e suas descobertas sobre o fenômeno da sincronicidade... Muito menos sobre as geniais descobertas de Rupert Sheldrake e os "Campos Mórficos".
Mas fico pensando se esses fenômenos de ligações de afinidade entre seres da mesma espécie se propagam além da vida, na vida além.

Eu hesitei muito em escrever sobre as experiências reais que tive relacionadas a essas sincronias porque eu teria que expor outra pessoa com a qual tive (tenho) uma ligação invisível, e como vou preservar sua identidade, não citarei seu nome, mas contarei um pouco dessa ligação, até porque, uma discípula de Jung disse que quando você divide seus segredos e temores com o mundo, aquela experiência que antes o atormentava, enlouquecendo e tirando a paz, deixa de ser uma carga só sua, e passa a ser problema e (quem sabe?) equação da humanidade inteira. Se está fora de mim, explicada e compartilhada, deixa de ser uma história velada e passa a ser objeto de estudo e patrimônio da humanidade. Acredito que conhecendo o inconsciente, teremos acesso a um Livro bem precioso para a Terra:  A Memória Cósmica.

Não sei o que se sucederá após isso. Mas sinto uma necessidade de ao menos começar a por pra fora e  sinto que essa é a hora para isso.

Os Barqueiros de Avalon

Certa noite, nos meus 20 anos,  tive um sonho muito misterioso.
Sonhei que eu era uma habitante de uma Ilha e saía de lá conduzida por um barqueiro (ele estava nu,  tinha pinturas tribais no corpo e era careca. Seu corpo era pintado de azul com umas marcas brancas  por cima) atravessando o nevoeiro para o Continente (uma cidade grande, uma capital que não sei dizer qual é). Ele me deixava na margem e eu entrava em uma espécie de casa noturna, onde só havia jovens com roupas escuras e postura de rock. Uma voz me dizia que era a minha Missão entrar naquele Underground e levar os ensinamentos da Ilha de onde vim.

Detalhe: Eu nunca havia lido "As Brumas de Avalon", somente depois fui conhecer o livro e saber que Morgana e as outras mulheres da Ilha eram conduzidas por barqueiros nus numa espécie de gôndola antiga.


***

Sempre tive esse animismo com a literatura e a arte em geral, de sentir algo profundamente e projetar isso em forma de imagem, palavras ou acontecimentos póstumos ou simultâneos na vida de alguém ou na obra de algum artista. Essa capacidade paranormal que tenho, essa ligação com certas pessoas ou artistas que algumas vezes me assustou ou por vezes me encanta, é algo natural em mim, o que já não me perturba mais como fazia quando eu era mais jovem e não tinha para quem contar sem ser tida como louca.

***

Silêncio não, som!



"é sonho-segredo Não é segredo Araçá Azul fica sendo O nome mais belo do medo Com fé em Deus


Eu não vou morrer tão cedo "


Num dia de sábado, no ano de 2009, estava a ouvir a canção "De Conversa / Cravo e Canela" do álbum Araçá Azul de Caetano Veloso, em meu quarto, sozinha. Esse disco de Caetano já me causou estranhas sensações, desde que o ouvi pela primeira vez e confesso que já me deu um medo tão misterioso que pegou até no meu músculo cardíaco. Não sei que mandinga o Caetano botou naquele disco, sinceramente, mas que ele mexeu com minha alma, isso mexeu. Bom, continuando meu relato, naquele momento resolvi acender um incenso de canela e aquele aroma, no mesmo instante me despertou um desejo sexual incontrolável. Peguei um livro chamado "Mujeres que Corren con Lobos" pra ver se me distraia...Imediatamente veio uma voz e me disse: se você abrir o seu MSN agora vai ter uma surpresa. Entrei, mas fiquei em off line e dito e feito: eu tive não uma, mas duas surpresas:  dei de cara com o nick name de uma amiga que naquele dia estava simplesmente como "La Loba". Coração bateu mais rápido quando li. Mas então, prossegui observando e tem mais nessa história... Fui navegar um pouco, não chamei a tal pessoa pra conversar e não disse nada a respeito da sincronia também... Procurei as letras do disco Araçá Azul e comecei a ler a letra de "De Palavra em Palavra" em silêncio e terminei em voz alta:

som


mar


amarelanil


maré


anilina


amaranilanilinalinarama


som

mar


silêncio


não


som


Quando li essas três últimas palavras , senti-as  no meu corpo inteiro, porque percebi-me vivendo aquele momento, que era exatamente aquilo: uma ordem: Silêncio não, Som!

NESTE MOMENTO AS PALAVRAS MÁGICAS VIERAM DO CORAÇÃO E... O SILÊNCIO FOI QUEBRADO. JÁ ESTAVA ESTABELECIDA A LIGAÇÃO TELEPÁTICA.


Imediatamente do lado do nick de "La Loba" apareceu um indicativo de que minha amiga começara a ouvir uma música com Harry Connick Jr. chamada Danny Boy.  Ah! Eu fiquei surpresa com a telepatia imediata, até porque, essa pessoa (La Loba) de quem falo nunca tinha ligado música no msn e acionado o botão "O que estou ouvindo", ao longo dos anos em que tivemos contato virtual. Eu continuando em silêncio, vi o indicativo da música mudar para a seguinte ... E sabe qual ela ouviu em seguida? Uma do álbum 'Fina Estampa' do CAETANO VELOSO chamada Maria Bonita:



Acuérdate de Acapulco,


de aquellas noches,

María bonita, María del alma.

Acuérdate que en la playa

con tus manitas las estrellitas

las enjuagabas.



Tu cuerpo del mar juguete, nave al garete,

venían las olas, lo columpiaban,

y mientras yo te miraba,

lo digo con sentimiento,

mi pensamiento te traicionaba.



Te dije muchas palabras de esas bonitas

con que se arrullan los corazones,

pidiendo que mi quisieras,

que convirtieras en realidades mis ilusiones.

La luna que nos miraba

ya hacía un ratito

se hizo un poquito desentendida,

y cuando la vi escondida

me arrodillé a besarte

y así entregarte toda mi vida.



Amores habrás tenido, muchos amores,

María Bonita, María del alma,

pero ninguno tan bueno ni tan honrado

como el que hiciste que en mí brotara.



Lo traigo lleno de flores

como una ofrenda

para dejarlo bajo tus plantas.

Recíbelo emocionada

y júrame que no mientes

porque te sientes idolatrada.



* Em seguida desconectou.



Considerações finais do Post

Tenho outras mais dessas "coincidências inexplicáveis" que não servem pra nada (ou se servem, não têm uma explicação mais plausível do que a de se tratar de puro animismo mesmo) a não ser pra nos dizer que mesmo que neguemos sempre, há evidências de que temos sim, uma ligação com as pessoas que nós amamos. Mesmo que elas estejam vivendo outra vida, longe de nós.

Eu até iria falar mais a respeito disso, mas misteriosamente, depois que contei, me sinto estranhamente desenergizada. Incapaz de continuar, vou andar de bicicleta no sol ou procurar a companhia de alguém pra abstrair essa indefinição (?) que agora tomou conta de mim...


Como sempre... Mistééério.


(Nayre)












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