24 de fevereiro de 2012

Um Sonho e Mil Gatos





Pobres humanos... Escravos de seus próprios sonhos e presos pelos grilhões do ceticismo, eles são incapazes de vislumbrar e sentir a imensidão da verdadeira não-realidade que os rodeia. Certos de sua superioridade genética, os homens desconhecem as forças motrizes do Universo e julgam-se filhos das estrelas por terem pisado em solo lunar. Tolos pretensiosos... A Mãe-Terra aconchega outros animais muito mais interligados ao nicho macrocósmico. Os insetos e suas regras sociais quase geométricas. As aves e seu instinto de vôo em plena harmonia com o magnetismo polar. Os mamíferos aquáticos e seus mistérios inimagináveis. Tantos exemplos da irracionalidade superior, construídos sobre o primitivismo da Criação. Entre eles, porém, uma espécie se desenvolveu vertiginosamente, animais estruturalmente perfeitos: rápidos, ágeis e fortes. Completamente auto-suficientes, eles fingem ser domesticados pelo homem apenas por conveniência. Sua beleza inegável entra em conflito com a ferocidade repentina de seus atos. Possuidores de olhos que se igualam às mais raras e preciosas gemas, eles vêem coisas invisíveis à percepção humana: seres de outras dimensões, espíritos errantes, imagens aleatórias do passado e presente. Amados por poucos, mas odiados por muitos, estes fantásticos animais são comumente chamados de gatos. Chat, Cat, Pushak, Die-Katze, Gatto, Gato... Não importa em que língua seja pronunciado, sua majestade é inegável. Muitas foram as culturas que utilizaram esses "inofensivos" felinos como símbolo de adoração. Hoje a descomunal e misteriosa Esfinge do Antigo Egito é o maior monumento arquitetônico dedicado a eles. Em sua época áurea, o império que surgiu às margens do Nilo reverenciava o gato como um animal sagrado por causa de sua ligação com a deusa da Lua, Pasht. Da mesma forma, a deusa que representava o Sol, Bast, possuia a cabeça de um felino. Alguns pesquisadores acreditam que ele era adorado pelos egípcios porque tinha a capacidade de "enxergar ou sentir" a presença de espíritos bons e maus. Depois, provavelmente comercializados pelos fenícios, esses animais chegaram à Europa. Infelizmente, os bichanos não foram vistos com bons olhos pelo fanatismo doentio da Igreja da Idade Média. Os outrora sagrados animais egípcios (principalmente os de cor preta) passaram a ser sacrificados pelas chamas da Inquisição. Daí se originaram ditados populares como "jamais deixar um gato preto cruzar seu caminho" e outras tolices inerentes à "sapiência" humana. Algum tempo depois, ainda em descrédito religioso, eles serviram para conter a peste negra, caçando os ratos que se alastravam pelas cidades. Mais tarde, com a colonização americana, os gatos finalmente alcançaram o Novo Mundo e foram usados, uma vez mais, como "ratoeiras móveis peludas" (naquela época, a ACME INC.ainda não tinha desenvolvido nenhuma parafernália tecnológica como "rat terminators" ou coisa parecida...) nas cidades e, até mesmo, no campo. Em decorrência desses lamentáveis incidentes, o "pequeno grande felino" passou a ser retratado como um reles inimigo mortal dos vorazes roedores.Humpf!!! Que absurdo! Uma verdadeira afronta a um ser tão nobre! Hoje, os gatos reconquistaram um certo status na sociedade pseudo-evoluida dos homens, tornando-se dóceis e carinhosos "bichinhos de estimação". Na verdade, os humanos é que cederam ao ronronar hipnótico e começaram, sem perceber, a entrar num processo irresistível de "felinização". Não há como escapar. Quando a noite chega, trazendo consigo a areia mágica soprada por Morpheus, os "donos do mundo" perdem-se em sonhos fúteis que apenas preenchem suas frustrações pessoais. No entando, aqueles que foram venerados como deuses no berço da civilização sonham coisas estranhas, como mudar a realidade. No sonhar, eles planejam um complô contra a humanidade. Se a presente situação irá mudar ou não, apenas o Destino sabe dizer. Não nos convém, entretanto, atravessar uma ponte antes que ela seja construída. Bem... A história foi contada. Verdade, mentira, devaneio... Que diferença faz? É apenas um sonho dentro de sonhos. E, neste momento, a única coisa que me veio à mente é um velho ditado inglês: "Somente um Rei é capaz de fitar os olhos de um gato".

Neil Gaiman

17 de fevereiro de 2012

Meu Totem












Puma - O Místico
19 de fevereiro - 20 de março




Lua dos Grandes Ventos

A Lua dos Grandes Ventos é uma lua misteriosa. A nova estação está se aproximando e os ventos voltam a soprar livremente em todas as direções. Esta Lua intensifica o lado misterioso e inquieto dos nascidos debaixo dela. Aumentando a habilidade deles para lidar com suas energias.
Esta é a terceira Lua de Waboose, Guardião do Norte. O presente dela é fornecer pureza as pessoas do signo do Puma ensinando-as reter a pureza espiritual diante das questões materiais.



Totem Animal - Puma


O Puma também conhecido como Leão da Montanha ou Suçuarana, é na maioria das vezes temido como os leões da África, constantemente eles são sacrificados pela mão humana sem nenhuma razão a não ser a ignorância. Os Pumas têm grandes territórios individuais e têm o cuidado para marcar a sua área para evitar os intrusos.
Seus grunhidos são terríveis, entretanto raramente é ouvido. Eles são animais geralmente silenciosos e sabem esperar o momento de atacar a sua presa. São caçadores natos, e normalmente juntam suas forças com outros de suas relações. Eles só caçam o que irão comer.
As pessoas que têm o Puma como seu totem animal possuem muitas das características deste felino. Elas gostam de se manterem no alto de seus territórios, buscando a elevação mental e espiritual. Elas são sensíveis e gostam de ter seu próprio lugar para se retirar para contemplação.
Pessoas do signo do Puma precisam do seu próprio território espiritual, ao viajarem elas podem se tornar pessoas mal-humoradas e insatisfeitas por falta dele. Elas também têm a necessidade de marcar seus territórios. Elas não gostam de outros invadindo seu espaço territorial sem nenhum convite, especialmente pessoas do seu próprio totem, devido ao potencial de poder que compartilham.
Elas tendem a manter em silêncio seus sentimentos mais profundos. Podem manter uma conversa facilmente, para fazer com que os outros se sintam confortável, mas só revelará seus sentimentos àqueles que tenham confiança. Por causa deste silêncio, tendem a se isolarem para se protegerem.
Quando as pessoas do signo do Puma se sentem confortáveis, elas podem dar um grito rejubilhando-se de emoção. Esta energia retida é o que freqüentemente as fazem mergulharem em profundas depressões e as impedem de se centrarem quando tentam manter um elo ao meditarem.
O Medo que têm das próprias emoções pode as impedir de tomarem decisões claras, fazendo-as parecerem indecisas. Elas são caçadoras, mas o que elas estão freqüentemente caçando é o seu desenvolvimento espiritual. São inteligentes o bastante para saberem que  têm de ser pacientes para caçar as coisas que estão buscando.
Quando as pessoas do signo do Puma perdem seu equilíbrio, elas podem ser muito ferozes com aqueles que a feriram. Quando elas se sentem encurraladas, mostram suas garras e realizam uma briga notável. Às vezes brigam sem nenhum motivo, como se quisessem liberar suas emoções reprimidas. Mas também podem ferir os outros na batalha, às vezes mais seriamente do que elas imaginam.

Planta Totem - Tanchagem


O Tanchagem é uma erva de cura famosa. Há duzentas espécies da erva, e elas crescem no mundo inteiro. A planta inteira é usada para a cura. Os Nativos Americanos a usam como calmante. Purifica o sangue e ajuda aliviar a dor e curar os efeitos de venenos.
Usado como chá ou em compressa, é muito bom contra picaduras, mordidas e feridas. Faz a mesma coisa dentro do corpo como fora, e é usado para curar úlceras do estômago ou intestinos, inflamação nos rins e problemas de bexiga.
As Pessoas do signo do Puma são propensas a terem dor no pé e na perna. Imergindo as folhas de Tanchagem no vinagre, deixando secar durante a noite e colocando nos sapatos antes de calçá-los, estas dores podem ser evitadas.




Totem Mineral - Turquesa

Turquesa é uma das pedras mais antigas usadas para adorno e proteção. Ela era utilizada no Egito seis mil anos antes do começo da era Cristã e no nosso continente pelo menos há mil anos.
Turquesa é chamada "Pedra Estelar" pelos Nativos Americanos. Há uma velha lenda ameríndia que diz que o céu é azul porque uma águia de espírito dourado pousou em cima de uma montanha turquesa e refletiu a cor da montanha até o céu. Acredita-se que a turquesa pudesse livrar qualquer pessoa que a possuísse de ferimentos ou perigo, os Nativos Americanos a usavam como proteção contra armas.
Com a Turquesa como pedra, as pessoas do signo do Puma têm a possibilidade de ter muitos poderes fora do comum. Elas têm muito poder de cura natural que pode lhes transformar em mestres nos mistérios da vida e do universo. Como esta pedra, elas podem iniciar-se nos misteriosos processos da vida, que pessoas de outros totens não tem acesso.

3 de fevereiro de 2012

O corpo nos contos de fadas


Existem muitos mitos e contos de fadas que descrevem a fragilidade e a natureza selvagem do corpo. Temos o  grego Hefesto, o manco que trabalhava os metais preciosos; o mexicano Hartar, que tinha dois corpos; a Vênus nascida do mar ; o pequeno alfaiate, que era feio  mas que podia gerar vida nova; as mulheres da Montanha dos Gigantes, que são cortejadas por sua força; Thumbelina, que consegue viajar de um lado para o outro com o auxílio da mágica; e muitos outros.
 
Nos contos de fadas, determinados objetos mágicos têm capacidades sensoriais e de transporte que são hábeis metáforas do corpo, como a nuvem, a folha e o tapete mágico, Às vezes, mantos, sapatos, escudos, chapéus e elmos proporcionam o poder da invisibilidade, de uma força superior, da vidência e assim por diante. São como uma parentela arquetípica. Cada um permite ao corpo físico dispor de um aprofundamento do insight, da audição, do vôo ou de algum tipo de proteção tanto para a psique quanto para a alma.

Antes da invenção de carruagens, coches e bigas, antes da domesticação de animais para tração e montaria, aparentemente a imagem que representava o corpo sagrado era a do objeto mágico. Peças do vestuário, amuletos, talismãs e outros objetos, quando participantes de algum tipo de relação, transportavam a pessoa para o outro lado do rio ou do mundo.
 
O tapete mágico é um excelente símbolo do valor sensorial e psíquico do corpo natural e selvagem. 
Os contos de fadas em que aparece o motivo do tapete mágico imitam a atitude não muito consciente para com o corpo na nossa própria cultura. O tapete mágico é a princípio considerado completamente ordinário e sem grande valor. No entanto, para aqueles que se sentam na sua densa felpa e dizem "Suba!", o tapete começa imediatamente a tremer, eleva-se do solo, paira um pouco e de repente, zum! , sai voando, transportando o passageiro para um lugar, um centro, um ponto de vista, um conhecimento diferente.    
O corpo, através de seus estados de excitação, percepção e de experiências sensoriais — como, por exemplo, ao ouvir música ou a voz da pessoa amada, ou ao sentir um certo perfume — tem a capacidade de nos transportar para outros lugares.
 
Nos contos de fadas, como nos mitos, o tapete representa um meio de locomoção, mas de um tipo determinado — do tipo que nos permite ver em profundidade o mundo assim como a vida em qualquer sentido. Nas histórias do Oriente Médio, ele é o veículo para o vôo espiritual dos xamãs. O corpo não é um
objeto inerte do qual lutamos para nos livrar. Visto da perspectiva correia, ele é um foguete, uma série de trevos atômicos, um emaranhado de cordões umbilicais neurológicos que nos ligam a outros mundos e outras experiências.
Além do tapete mágico, existem outros símbolos para o corpo. Uma história específica ilustra três deles. Essa história me foi passada por Fahtah Kelly. Ela se chama simplesmente "A história do tapete mágico". Nela, um sultão manda três irmãos procurarem "o melhor objeto da terra".Aquele dos três que trouxer o que for considerado o tesouro dos tesouros receberá todo um  reino.  Um dos irmãos procura e traz de volta uma varinha de condão de marfim, com a qual se pode examinar o que se desejar. Outro irmão traz uma maçã cujo perfume tem o poder de curar qualquer enfermidade. O terceiro irmão traz um tapete mágico que é capaz de transportar uma pessoa para qualquer lugar, bastando que ela pense nesse lugar.
O sultão pergunta o que é melhor. A capacidade para ver à distância? A capacidade para a cura e a recuperação? Ou a capacidade para o vôo espiritual?
Cada irmão por sua vez glorificou o objeto por ele encontrado. O sultão, no entanto, acaba por abanar a mão e proclamar que nenhum deles é melhor do que o outro, pois, sem um deles, os outros não têm nenhum valor. Com isso, o reino é dividido entre os três irmãos em partes iguais.
Essa história encerra imagens fortes que nos permitem vislumbrar no que consiste uma verdadeira animação do corpo. Essa história (assim como outras semelhantes) descreve o fabuloso potencial da intuição, do insight, da cura sensorial e do êxtase oculto no corpo.Costumamos pensar no corpo como esse "outro"que cumpre suas funções mais ou menos independente de nós e que, se o "tratarmos" bem, ele fará com que nos "sintamos bem". Muitas pessoas tratam seu corpo como se ele fosse um escravo, ou talvez elas até o tratem bem  mas exijam dele que satisfaça seus desejos e caprichos como se ele fosse um escravo do mesmo jeito.
Há quem diga que a alma anima o corpo. No entanto, e se resolvêssemos imaginar por um instante que é o corpo que anima a alma, que a ajuda a se adaptar à vida concreta, que analisa e traduz, que fornece o papel em branco, a tinta e a pena com os quais a alma pode escrever nas nossas vidas? Suponhamos, como nos contos de fadas em que as coisas mudam de forma, que o corpo é um Deus por si só, um mestre, um mentor, um guia autorizado. E daí? Seria prudente passar a vida inteira torturando esse mestre que tem tanto a dar e a ensinar? Desejamos passar a vida inteira permitindo que os outros depreciem nossos corpos, julguem-nos, consideremnos defeituosos? Será que temos força suficiente para renegar o pensamento geral e prestar atenção, com profundidade e sinceridade, ao nosso corpo como um ente poderoso e sagrado?
 
Está errada a imagem vigente na nossa cultura do corpo exclusivamente como escultura. O corpo não é de mármore. Não é essa a sua finalidade. A sua finalidade é a de proteger, conter, apoiar e atiçar o espírito e alma em seu interior, a de ser um repositório para as recordações, a de nos encher de sensações — ou seja, o supremo alimento da psique. É a de nos elevar e de nos impulsionar, de nos impregnar de sensações para provar que existimos, que estamos aqui, para nos dar uma ligação com a terra, para nos dar volume, peso. 
É errado pensar no corpo como um lugar que abandonamos para alçar vôo até o espírito. O corpo é o detonador dessas experiências. Sem o corpo não haveria a sensação de entrada em algo novo, de elevação, altura, leveza. Tudo isso provém do corpo. Ele é o lançador de foguetes. Na sua cápsula, a alma espia lá fora a misteriosa noite estrelada e se deslumbra.

O poder das ancas
 
O que constitui um corpo saudável no mundo instintivo? No nível mais básico — o seio, o ventre, qualquer parte onde haja pele, qualquer parte onde haja neurônios para transmitir sensações — a questão não é a do formato, do tamanho, da cor, da idade; mas, sim, se existe sensação, se funciona como deveria, se temos reações, se temos todo um leque, todo um espectro de sentimentos. Ele tem medo, está paralisado pela dor ou pelo receio? Está anestesiado por traumas antigos? Ou será que ele tem sua própria música? Está ouvindo, como Baubo, através do ventre?  Está olhando com uma das suas inúmeras formas de ver?

Passei por duas experiências decisivas quando estava com vinte e poucos anos, experiências que contrariavam tudo o que me haviam ensinado sobre o corpo até então. Quando estava num seminário de uma semana de duração para mulheres, à noite junto ao fogo e perto de fontes termais, vi uma mulher nua de cerca de 35 anos.
Seus seios estavam murchos de amamentar; seu ventre, estriado de dar à luz. Eu era muito nova e me lembro de ter sentido pena das agressões sofridas pela sua pele fina e clara. Alguém estava tocando tambores e maracas, e ela começou a dançar, com o cabelo, os seios, a pele, os membros todos se movimentando em direções diferentes.
Como era linda, como era cheia de vida. Sua graça era de partir o coração. Eu sempre havia ridicularizado a expressão "furacão nos quadris". Naquela noite, porém, vi um exemplo. Vi o poder das suas ancas. Presenciei o que me haviam ensinado a ignorar: o poder do corpo de uma mulher quando é animado de dentro para fora. Quase três décadas mais tarde, ainda posso vê-la dançando no escuro e ainda sinto o impacto da força do corpo.
 
O segundo despertar envolveu uma mulher muito mais velha. De acordo com os padrões vigentes, seus quadris eram excessivamente parecidos com pêras, seus seios eram ínfimos em comparação, e suas coxas eram totalmente cobertas por finíssimas veias arroxeadas. Uma longa cicatriz de alguma cirurgia grave circundava seu corpo, indo desde a coluna vertebral até as costelas, como um corte para descascar maçãs. Sua cintura devia ter a largura de quatro palmos.
 
Era, portanto, um mistério o motivo pelo qual os homens zumbiam à sua volta como se ela fosse um favo de mel.  Eles queriam morder suas coxas de pêra, lamber aquela cicatriz, segurar aquele peito, descansar o rosto nas teias das suas varizes.  Seu sorriso era deslumbrante; seu caminhar, extremamente belo. E quando ela olhava, seus olhos realmente absorviam o que estavam vendo. Vi novamente o que me haviam ensinado a ignorar, o poder no corpo. O poder cultural do corpo é a sua beleza, mas o poder no corpo é raro, pois a maioria das mulheres o expulsou com torturas ou com sua vergonha da própria carne.
 
Tendo em vista o exposto, a mulher selvagem pode pesquisar a numinosidade do seu próprio corpo e compreendê-lo, não como um peso morto que estamos condenadas a carregar por toda a vida, não como uma besta de carga, mimada ou não, que nos carrega por aí pela vida inteira, mas como uma série de portas, sonhos e poemas através dos quais podemos obter todo tipo de aprendizagem e conhecimento. Na psique selvagem, compreende-se o corpo como um ser por seus próprios méritos, que nos ama, que depende de nós, para quem, de vez em quando, somos a mãe e que, e vez em quando, representa a mãe para nós.

Clarissa Pinkola Estés - MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS

27 de janeiro de 2012

Os Ciclos Naturais do Feminino



Observando os ciclos de nosso corpo, entramos em sintonia com o corpo maior e organismo vivo e pulsante que é a Mãe Terra. Nós, mulheres, carregamos em nosso corpo todas as Luas, todos os ciclos, o poder do renascimento e da morte. Aprendemos com nossas ancestrais que temos nosso tempo de contemplação interior quando, como a Lua Nova, nos recolhemos em busca de nossos sonhos e sentimentos mais profundos. As emoções, o corpo, a natureza são alterados conforme a Lua.


Nas tradições antigas, o Tempo da Lua era o momento em que a mulher não estava apta a conceber, era um período de descanso, onde se recolhiam de seus afazeres cotidianos para poderem se renovar. "É o tempo sagrado da mulher", o período menstrual, conforme nos conta Jamie Sams, "durante o qual ela é honrada como sendo a Mãe da Energia Criativa". O ciclo feminino é como a teia da vida e seu sangue está para seu corpo assim como a água está para a Terra. A mulher, através dos tempos, é o símbolo da abundância, fertilidade e nutrição. Ela é a tecelã, é a sonhadora.


Nas tradições nativas norte-americanas há as "Tendas Negras", ou "Tendas da Lua", momento em que as mulheres da tribo recolhem-se em seu período menstrual. É o momento do recolhimento sagrado de contemplação onde honram os dons recebidos, compartem visões, sonhos, sentimentos, conectam-se com suas ancestrais e sábias da tribo. São elas que sonham por toda a tribo, devido ao poder visionário despertado nesse período. O negro é a cor relacionada à mulher na Roda da Cura. Também são recebidas nas tendas as meninas em seu primeiro ciclo menstrual para que conheçam o significado de ser mulher. Esse recolhimento não é observado somente entre as nativas norte-americanas, mas também entre várias outras culturas.


Diversos ritos de passagem marcam a vida de meninas nativas no seu primeiro ciclo menstrual. Entre os Juruna, quando a Lua Nova aponta no céu, é momento de as meninas se recolherem para suas casas. As meninas kanamari, do Amazonas, também ficam reclusas enquanto dura seu primeiro sangramento, sendo alimentadas somente pela mãe. Assim ocorrem com as meninas tukúna que nesse período de reclusão aprendem os afazeres e a essência do que é ser uma mulher adulta. Observa-se, em alguns casos, como parte do rito, cortar o cabelo e pintar o corpo de negro. São ritos de honra à mulher, e não o afastamento das mesmas pela impureza, como foi mal-interpretado por muitas outras culturas, principalmente a nossa ocidental extremamente influenciada pelos valores cristãos.


Nossos corpos mudam nesse período, fluem nossas emoções e estamos mais abertas a compartilhar com outras mulheres, como uma conexão fraternal. Ao observarmos nossos ciclos em relação à Lua, veremos que a maioria das mulheres que não adotam métodos artificiais de contracepção e que fluem integradas ao ciclo lunar, têm seu Tempo de Lua durante a Lua Nova. É importante observarmos como fluímos com a energia da Lua e seus ciclos, e em que período do ciclo lunar menstruamos. A menstruação é um chamado do nosso corpo ao recolhimento, assim como a Lua Nova é um período de introspecção, propício ao retiro e à reflexão. A Lua Cheia proporciona expansão e, se nossos corpos estão em sintonia com as energias naturais, é o período em que estaremos férteis.


" O sangue menstrual é o mensageiro dos grandes ciclos do universo e o portador de informação emocional, intelectual e espiritual , vital para nós mulheres , assim como para a nossa sociedade. "  (Maria del Mar Jimenez)





Quantas mulheres atualmente deixaram de observar os ciclos do próprio corpo? Quantas deixaram de conectar-se com as forças da natureza, deixaram de lado a riqueza desse período de introspecção, recolhimento e contemplação de si mesmas? No nosso Tempo de Lua sonhamos mais, estamos mais abertas à sabedoria que carregamos de nossas ancestrais. Aproveite esse período para conhecer e explorar seu interior, agradecendo os dons e habilidades que possui. Compartilhe com outras mulheres esses momentos sagrados de respeito e fraternidade. Ouse sonhar e exercer seu lado visionária. Note que ao estar em conexão com todas as mulheres e com a própria Mãe Terra, muitos sintomas tidos como incômodos vão desaparecendo. Muitos destes sintomas são a rejeição desse período. Com a competição resultante dos valores da sociedade moderna, muitas de nós esqueceram de ouvir a si mesmas, de sentir a necessidade de seus próprios corpos e corações.


Para finalizar, segue um trecho sobre a Tenda da Lua, de Jamie Sams, falando-nos sobre a importância desse ciclo de religação com a Terra e a Lua:


"O verdadeiro sentido dessa conexão ficou perdido em nosso mundo moderno. Na minha opinião, muitos dos problemas que as mulheres enfrentam, relacionados aos órgãos sexuais, poderiam ser aliviados se elas voltassem a respeitar a necessidade de retiro e de religação com a sua verdadeira Mãe e Avó, que vêm a ser respectivamente a Terra e a Lua. As mulheres honram o seu Caminho Sagrado quando se dão conta do conhecimento intuitivo inerente a sua natureza receptiva. Ao confiar nos ciclos dos seus corpos e permitir que as sensações venham à tona dentro deles, as mulheres vêm sendo videntes e oráculos de suas tribos há séculos. As mulheres precisam aprender a amar, compreender, e, desta forma, curar umas às outras. Cada uma delas pode penetrar no silêncio do próprio coração para que lhe seja revelada a beleza do recolhimento e da receptividade".


Recolhimento Sagrado Feminino
Tatiana Menkaiká 


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13 de janeiro de 2012

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Endorfina epidérmica marítima

Mar íntimo 


Chuva-solaris suando na vidraça 

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(nayre)















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9 de janeiro de 2012

A Túnica Inconsúltil

[Jorge de Lima (1893-1953)]




O Grande Circo Místico



O médico de câmara da imperatriz Teresa - Frederico Knieps -

resolveu que seu filho também fosse médico,

mas o rapaz fazendo relações com a equilibrista Agnes,

com ela se casou, fundando a dinastia de circo Knieps

de que tanto se tem ocupado a imprensa.

Charlote, filha de Frederico, se casou com o clown,

de que nasceram Marie e Oto.

E Oto se casou com Lily Braun a grande deslocadora

que tinha no ventre um santo tatuado.

A filha de Lily Braun - a tatuada no ventre

quis entrar para um convento,

mas Oto Frederico Knieps não atendeu,

e Margarete continuou a dinastia do circo

de que tanto se tem ocupado a imprensa.

Então, Margarete tatuou o corpo

sofrendo muito por amor de Deus,

pois gravou em sua pele rósea

a Via-Sacra do Senhor dos Passos.

E nenhum tigre a ofendeu jamais;

e o leão Nero que já havia comido dois ventríloquos,

quando ela entrava nua pela jaula adentro,

chorava como um recém-nascido.

Seu esposo - o trapezista Ludwig - nunca mais a pôde amar,

pois as gravuras sagradas afastavam

a pele dela do desejo dele.

Então, o boxeur Rudolf que era ateu

e era homem fera derrubou Margarete e a violou.

Quando acabou, o ateu se converteu, morreu.

Margarete pariu duas meninas que são o prodígio do Grande Circo Knieps.

Mas o maior milagre são as suas virgindades

em que os banqueiros e os homens de monóculo têm esbarrado;

são as suas levitações que a platéia pensa ser truque;

é a sua pureza em que ninguém acredita;

são as suas mágicas que os simples dizem que há o diabo;

mas as crianças crêem nelas, são seus fiéis, seus amigos, seus devotos.

Marie e Helene se apresentam nuas,

dançam no arame e deslocam de tal forma os membros

que parece que os membros não são delas.

A platéia bisa coxas, bisa seios, bisa sovacos.

Marie e Helene se repartem todas,

se distribuem pelos homens cínicos,

mas ninguém vê as almas que elas conservam puras.

E quando atiram os membros para a visão dos homens,

atiram a alma para a visão de Deus.

Com a verdadeira história do grande circo Knieps

muito pouco se tem ocupado a imprensa.



[A Túnica Inconsútil]



Δ









NOTA Post Scriptum (15/09/2019):

Olá. Aqui deixo um link de acesso ao Artigo interessantíssimo de Ceci Maria Costa Baptista Mariani  - " O Grande Circo Místico ", mistério de Deus na carne humana. Um estudo sobre o Poema de Jorge de Lima, acima, numa visão Místico-Teológica e Filosófica. Este poema sempre me intrigou! Tanto quanto (ou até mais!) do que o disco homônimo e complementar de Chico Buarque. Poema este, antigo, do início do século passado, de onde o músico se inspirou para fazer uma ópera inteira! Posso dizer que senti na carne o que é carregar uma tatuagem cheia de significados pessoais e coletivos -- místicos, porém, misteriosos e inconscientes. Tatuar a pele é marcar a alma e tatuar a alma é para os fortes. É para aqueles que sobrevivem à Noite Escura da Alma, aqueles que conseguem matar o Dragão dentro de si e não temer o Grande Arconte que se alimenta dos medos da humanidade. Por incrível que pareça, coincidentemente só hoje (a postagem do poema no meu blogue  é bem mais antiga (2012), mas a reeditei hoje,  acrescentado esta nota, depois de conversar com uma artista conhecida aqui da minha cidade (de quem vou preservar o nome) sobre : a influência do psiquismo coletivo na vida de quem tem uma tatuagem, fui pesquisar sobre o assunto no "Tio Google" e acabei dando de cara com este Artigo, que inclusive foi escrito 3 anos depois do meu post e depois de minhas ressonâncias místico-morfológicas sobre isso, no mundo. Não pretendo contar com detalhes minha experiência mística com tal poema. Mas deixo uma exortação àqueles que pretendem fazer uma tatuagem... Saibam que depois de feitas, elas criam vida na sua alma e na alma dos seus futuros descendentes. Saiba que se tornará nesta vida - e quiçá depois, um integrante vivo do Grande Circo Místico.

28 de dezembro de 2011

Um Elogio a Loucura





Toda mulher é louca. E eu como mulher escancaro todos os tabus, mas não revelo o mistério.

(Rita Lee)

4 de dezembro de 2011

Os Alquimistas e a Ciência

Se formos nos reportar as referências que temos nos anais da história a respeito dos enigmáticos alquimistas, chegaremos à conclusão que esses sábios homens foram filósofos cientistas que através da busca pelo conhecimento das leis ditas naturais expressadas no mundo (macrocosmo), como consequências de uma causa maior, tentaram entender a sua natureza microcósmica, para com isso virem a obter a fórmula e método de como transmutar o seu Ser e o meio em que se encontravam, em prol de uma comunhão completa com o Criador. Eram Iluminados voltados para meios que antes não eram separados, cientes de que tudo deriva de um único principium, a verdadeira Ciência indistinta de uma separação entre espiritualidade e ciência materialista.
Com a ramificação, deteriorização e alienação dos conhecimentos da fonte, muitas coisas foram levadas ao extremo do egoísmo, fazendo com que essas verdades fossem encobertas por fantasias daqueles que não queriam procurar a legitima essência a partir de analogias precisas.
Eis que conseqüentemente surgiu uma manifestação predominante da razão sectária credológica. Nisto, em muitos dos casos, aos leigos principalmente, foi imposta uma lei de aceitação inquestionável das teses teogônicas, onde a primordial ciência tinha sido subjugada pelos dogmas das formalizadas instituições que assumiram o termo de religião.
Com o ocorrido, muitos se revoltaram e, consequentemente, problematizaram e elaboraram uma base de estudos separados do sagrado e espiritual; confundiram a essência do saber com as cascas dogmáticas e fantasiosas dos credos ideológico. Com isso, essas pessoas voltaram-se para uma razão e supervalorização de uma lógica empírica, materialista e, em determinados casos, fanática.
Então, eis que surgiu a era da critica da razão pura, o iluminismo e o apreço a um materialismo que naquele momento (e em outros) mostrava mais coisas óbvias e palpáveis do que a religiosidade que oprimia, condenava, e matava em nome de um deus.
A ciência que surgia nesse período foi se formulando e tornando-se mais separada ainda do meio transcendente. Nessas transformações, de um lado prevaleceu a lógica material, e de outro ficou em seu canto a razão espiritual.
Com a repercussão dessa cisão, predominou as partes palpáveis e quantificáveis dessa ciência, ocorrendo isso com a  astrologia que deu nascimento a astronomia (provavelmente com sua cisão no século XVII) e da  alquimia que gerou a química. Hoje boa parte, com algumas exceções, das ditas ciências estudadas nas academias e escolas são de cunho limitado aos aspectos fatídicos do dia a dia.





Dentro desse contexto e, levando em conta a figura do Alquimista ou estudante de Alquimia, temos que ele é, em sua natureza, um cientista, pois o mesmo precisa entender o processo de transmutação física/química e elemental para que com isso venha tirar proveito desse conhecimento e utilizar isto em seu processo de transmutação interior para a tão almejada obtenção da Grande Obra, que só poderá ser obtida através da harmonia entre o que esta em cima (O interior, logos superior) com o que esta embaixo (O exterior, o mundo fatídico e a natureza).
Já o cientista, quando somente se reporta à dita ciência limitada, é somente um cientista, pois ao aceitar o limite cientifico, e somente seu caráter positivista, estará se tornando apenas um físico ou um químico, geneticista, etc. Mas, se o mesmo é aderente a essa união que antes era inseparável, ele se enquadra em uma condição de estudante ou ao nível dos assim chamados alquimistas adeptos.
Temos como exemplo de Alquimista cientista o célebre Isaac Newton. O mesmo transitou pelas ditas ciências ocultas, mas com objetivos bem pragmáticos e com instrumental digno de um pesquisador sério. Suas investidas pela alquimia levaram a importantes descobertas para a química moderna. Mas tudo que foi apresentado por Newton foi exposto sob um ponto de vista lógico em seus resultados mas não deixam de ser conteúdos embasados em teorias alquímicas e transcendentais. Porém, a ciência dita limitada de hoje, em muitos dos casos, teve (tem) a intenção de somente expor aquilo que pode ser usado como algo de valor desde que possa ser separada de seus aspectos mau compreendidos pelas massas.
Newton, em seus estudos da astrologia, reconheceu o seu valor e auxílio em relação a capacidade de enxergar o universo de forma mais aberta, culminando em conclusões importantes para a astronomia.





Em parte, sofremos a influência do iluminismo de Voltaire (que segundo alguns era ligado ao Rosacrucianismo), que nos deu em destaque e visibilidade somente o teor racionalista de Isaac Newton. O outro lado da questão é devido à ultra-especialização de nossa cultura – o físico detém-se apenas à sua formação para compreender Newton, o químico idem, já o estudante ou o próprio alquimista sabe que para compreender a verdadeira forma de como obter a Magnus Opus é priori se impor acima de todas essas bases e unificá-las juntamente com o Transcendental, desde que esse não seja em totalidade algo dogmático.

Por isso que em muitos círculos Herméticos onde o Mestre instruía seu discípulo nas artes Alquímicas prevalecia a seguinte prelazia:

“ORA, LEGE, LEGE, RELEGE, LABORA ET INVENIER”

(ORE, LÊ, LÊ, RELÊ, TRABALHE E ENCONTRARÁS)

Podemos conferir em pesquisas que grandes cientistas foram exímios alquimistas, e que suas descobertas por terem tido uma grande importância para a evolução da ciência moderna, só foram expostas e reconhecidas em aspectos e funções que condiziam com ao que era aceito pela massa cientifica e limitada.

Dentre esses sábios, temos não somente Newton, mas também…

Santo Alberto Magno: 1193 – 1280 – conseguiu preparar o hidróxido de potássio e descreveu a composição química de diversos compostos, como o cinábrio, o alvaiade e o mínio;

Paracelso: 1493 – 1541- o primeiro a se referir a luz astral nos meios alquímicos, chegou a identificar o zinco como um novo metal, com propriedades diferentes das até então conhecidas, pioneiro na utilização medicinal dos compostos químicos e, além disso, descobriu varias formas de tratar doenças que assolavam a Europa no século XVI;

Roger Bacon: 1214 – 1294 – Pioneiro em enfatizar a possibilidade de utilização de lentes ópticas para aumentar objetos pequenos;

Raimundo Lúlio: 1233- 1316 – Alquimista que com maestria preparou o bicarbonato de potássio;

Giambattista della Porta: 1535- 1615 – preparou o óxido de estanho II

Abu Musa Jabir ibn Hayyan: 721– 815 – também conhecido pelo nome latino Geber, o primeiro a desenvolver um processo de destilação perfeito, alquimista islâmico proeminente, além de farmacêutico, filósofo, astrônomo, e físico. Ele também foi chamado de “o pai de química árabe” pelos europeus.

Maria, a Judia (ou Maria, a Profetisa): uma antiga filósofa grega e famosa alquimista que viveu no Egito por volta do ano 273 a.C.. dizem que viveu na época de Aristóteles (384–322 a.C.); suposta criadora do banho-maria;

Carl Gustav Jung: 1875 – 1961 – Incorporou os conceitos e simbologia da alquimia a psicologia analítica, comprovando a relação entre a arte da transmutação com a constituição da psique humana, através de seus arquétipos em interação com um inconsciente coletivo.

Replicado do blog O Alvorecer.






17 de novembro de 2011

Jovem cientista revoluciona a forma de captar energia solar

É de exemplos como este que o mundo precisa.
Falar é fácil, quero ver trazer novas soluções!
Pra mim, ser contra Belo Monte e continuar consumindo e poluindo como louco é hipocrisia.


***



A invenção de um menino de 13 anos pode modificar a forma como coletamos energia solar nos dias de hoje. Aidan Dwyer, um rapazinho americano, bolou uma maneira de organizar os painéis solares que garante um melhor aproveitamento da luz e, assim, uma maior produção de energia. Semelhante a uma pequena planta, o invento do menino aumenta a eficiência do mecanismo entre 20% a 50%.

Instigado pelo mecanismo utilizado pelas árvores para absorver luz solar, Dwyer teve uma ideia que lhe rendeu o prêmio de Jovem Naturalista, concedido pelo Museu Americano de História Natural. A atual maneira de gerar energia através da luz do sol consiste em arranjar os painés solares horizontalmente, ao contrário do sistema bolado pela própria natureza. Após estudar durante algum tempo, o menino decidiu montar em um suporte vertical pequenos painéis, de forma que estes ficassem organizados como folhas em galhos. E funcionou.


Fonte: Kadoo




Aidan Dwyer (Foto: Reprodução)

E você? Vai fazer a diferença? Querem fazer campanha contra Belo Monte? Então usem menos energia.
A eólica vai cobrir uma pequena parte no nordeste, em lugares onde há bastante vento, e só. Para energia solar não há ainda tecnologia nacional para fabricação de placas fotovoltaicas em forma de árvores... Apesar de existir tecnologia americana avançadíssima, teríamos que comprar deles e modificar TODO o padrão das casas no Brasil. E a demanda industrial? Já pensaram que é por causa dela que mais se está interessado em produzir energia hidrelétrica? Mas a pergunta fica no ar... Você, cidadão, é capaz de abrir mão de energia 24 h por dia? É capaz de se adaptar aos ciclos da natureza? É capaz de modificar o padrão energético de sua casa, o padrão de sua vida? Ou você está só repetindo um bla bla bla Global?


Afinal... Querem transformar o país num manicômio virtual ou contribuir de forma real e prática para que ele seja uma Nação ?

(Nayre)

15 de novembro de 2011

A Raiva Como Instrumento de Justiça

Ao contrário do que o senso comum apregoa, a raiva não é um atributo somente dos delinquentes, dos párias, dos psicóticos. Pessoas absolutamente evoluídas ou elevadas espiritualmente também fazem uso desse instinto como recurso último de justiça e de defesa. Basta lembrar de Jesus furioso expulsando os vendilhões do templo. Em relatos espíritas, mais exatamente nas obras de Ramatis, ireis encontrar vasto material sobre o modo de vida de Jesus. Num desses relatos, o espírito afirma por meio de Registros Akáshicos que Ele no momento em que chicoteava e destruía as bancas de vendas montadas na entrada do templo, apesar de enérgico ele tinha lágrimas nos olhos. A raiva dele era total e pura, sem nenhum traço de maldade! Ao contrário do maldoso por gosto, por mania, por hobby, por gen que não expressa outra emoção neste momento que não seja a satisfação mal dissimulada.   

" A pessoa cruel não sente raiva, ela ama torturar o outro, sem nenhum tipo de romorso ".

(Nayre)
 
 
 




Licença Creative Commons
Este obra foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
Baseado no trabalho em esoterologia.blogspot.com.br.

12 de novembro de 2011

A Mosca e o Samurai!

Desapego




Ter – verbo intransitório.



(Fraga)



O dia descamba na praça. Hora de escambo: dou meu olhar, o sol me dá seu pôr. Raios aquarelados tingem as pessoas, etnia nova em torno de bolas. Jogos na quadra, eu no jirau do banco, julgando as gingas juvenis.



De repente, o homem e seu enferrujado carrinho de supermercado param por perto. Troco o alambrado pelo gradeado do carrinho. Através da trama de metal invado sua propriedade. Tudo o que tem na vida, à vista. Enquanto não me nota, catalogo o que cata: utensílios sem utilidade (para mim), velha valise valiosa (para ele), lataria, embalagens plásticas, e sacões e sacolas cheias de sacos cheios de saquinhos. Todo o seu tesouro. Amarrado às laterais, atrás, à frente, patrimônio incomensurável, além de irrespirável. O homem mexe, remexe, remelexe. Tudo exclusivo de seus gadanhos.



Esse proprietário do nada me inquieta. Automaticamente, meto as mãos nos meus poucos e próprios bolsos. Faço um balanço instantâneo de posses. E indagações se apossam de mim: o que possui esse desvairado? O que acumula alguém que nem razão tem mais? Diante dos meus olhos voltados para outros tempos, uma fila de insanos ajuntadores de trecos. Como nas ruas, se multiplicam na memória.



Reparo e separo bem: não são mendigos, papeleiros – não é a sobrevivência que move esses pirados. Desfilam para a minha incompreensão, todos firmemente agarrados a seus embrulhos, trouxas, caixas. Quasímodos com pacotes mal-feitos e desfeitos no menos cotidiano dos cotidianos. O que possuem tais mentes? Quanto carregam de seu, de si, para si? O que os impele a agregar mais e mais do menos? Tiro as mãos dos bolsos, vazias de sentido.



O homem do carrinho não olha o jogo, não olha nada nem ninguém. Se ocupa de sua tralha. Revira o revirado, de novo, e outra vez. Afrouxa e aperta nós; desfaz e refaz amarras, agitado sempre. Está atado ao que juntou. Protege seus bens com cordões que já foram coloridos, barbantes emendados, fios em frangalhos. Um dispensável desvelo protecionista, dada a desimportância da sua imunda riqueza para a rapinagem reinante ao redor. O homem apalpa cada saco, radar tátil a confirmar conteúdos, ri quando reconhece posses extraviadas no monturo móvel. Breve sossego: mão pousada num “meu”. A mão alça vôo, recomeça a busca. Estouram bolas no alambrado, ele não reage. Desplugados não se assustam.



Por que e para que somos donos? Sãos ou não, de quinquilharias nos enchemos, abarrotados de badulaques. Muletas luxuosas, bengalas miseráveis. Mais vultos assomam, sobrecarregados de pertences despossuídos por outros. E os sacos, os sacos, sacos e sacos, sacos e mais sacos. Os mais malucos entre os mais doidos varridos, os que não vêem o mundo que vemos, principalmente eles, não tinham, nunca, as mãos livres. Sobraçavam seus volumes em zelo animalesco, ciumento e temeroso, o possessivo elevado à irracionalidade. Que residual sentimento de posse perdura neles? Por que tal instinto prevalece enquanto ruíram os demais? E qual loucura enlouquece tanto a tantos mas nunca a ponto de desligar o mecanismo da mão possessiva na direçăo de quaisquer coisas?



A mão não pára, pendura sacos. Talvez os últimos ganchos enganchados na realidade. O homem do carrinho some enquanto penso no que tenho ou não tenho. No que tive e deixei de ter, no que quis ter e não consegui, no que pude e não quis ter. Rol imaterial maior que o rol material. As sombras catadoras saem da imaginaçăo. Desaparecem no lusco-fusco da praça. O jogo cessou, outras sombras apanham roupas, objetos, ninguém sai sem nada da quadra. Pego minha bolsa no banco e me vou. Dedos sem convicção sustêm a alça da minha lucidez.



(Texto do Fraga)