O casal Tântrico recebe do Guru uma versão inteiramente diferente da compreensão usual do que é o sexo bem-sucedido. Enquanto as massas da humanidade profundamente envolvidas em atividades sexuais buscam o sexo com o propósito de atingir o clímax, ocorre exatamente o oposto com os amantes tântricos. Na atividade usual das massas, macho e fêmea unem-se em um pânico aparentemente frenético para atingir o que acreditam ser o sucesso supremo - o clímax, o orgasmo.
O par Tântrico é treinado para alcançar um objetivo inteiramente diferente. Em primeiro lugar, enfatiza-se a consciência de que deve ocorrer a união não apenas dos órgãos físicos, mas também dos níveis emocional, mental, psíquico e espiritual. Assim, o casal Tântrico procura expressar o amor não apenas fisicamente, mas mental, emocional, psíquica e, por fim, espiritualmente.
O Instrutor, guiando o par Tântrico em direção à Tantra ioga, instrui-o segundo um método ióguico através do qual o controle respiratório e os fechos musculares são empregados durante o intercurso, num esforço de converter o clímax sexual em conservação do fluido seminal e não seu desperdício fora do corpo. A perda promíscua e excessiva do fluido seminal torna difícil à mente absorver conhecimento e sabedoria, simplesmente porque é negada às células cerebrais a sua porção de essência ascendente do sêmen - chamada ojas . A referência de sêmen inclui os fluidos reprodutivos tanto do homem quanto da mulher, porque a mulher possui sêmen assim como o homem - ou um fac-símile do mesmo - embora os fluidos difiram em consistência. É mais abundante no macho, contendo esperma, a semente germinativa masculina. Na fêmea é mais sutil, menos óbvio e de qualidade diferente. Nos ensinamentos hindus, o sêmen masculino é chamado de virya. O feminino é raja virya. Mas tanto os devotos homens como mulheres praticam os mesmos kriyas e mudras para atingir a ascenção e a transformação dos fluidos reprodutivos. A força vital - a força de kundalini - que permeia o sêmen é chamada ojas. É essa essência sutil que se eleva por sushumna, e não a substância gelatinosa do sêmen. Ojas sobe, separa-se e escapa da substância do sêmen tão sutilmente como o ar aquecido sobe em direção ao teto de um aposento e escapa em forma de vapor. Sua transmutação, sua força aumentada e finalmente sua ascenção através de sushumna são atingidas através do controle da respiração, do controle da mente e controle muscular físico nos fechos do corpo.
Esta transmutação seminal é, com efeito, o principal propósito de toda meditação. Inicialmente, há o desejo de "unir-se com Deus". À medida que a meditação prossegue, o aspirante geralmente tenta, por meio de várias técnicas - controle respiratório (pranayama), cantos, etc. - elevar Kundalini e abrir o Terceiro Olho. Uma vez que a Kundalini tenha sido desperta, pode acontecer um dia que, durante a meditação, ocorra um momento em que o virya ojas comece automaticamente a elevar-se na direção do chakra do umbigo, trazendo uma sensação de alegria indescritível. Após mover-se lentamente para cima, para atingir o chakra da Coroa, volta-se e começa fluir novamente para baixo. Chegando ao chakra raiz, torna a elevar-se outra vez repetindo um ciclo contínuo. Este processo é conhecido como Urdhvareta .
O devoto, durante a meditação, é capaz de discernir quando quando a essência ojas do fluido seminal está fluindo para cima, na direção do coração. Conforme avança em seu pranayama e meditação, um dia irá experimentar o kriya interior chamado vajroli . Há uma sensação distinta de que um clímax sexual está por ocorrer, mas a essência do fluido está-se elevando na direção do cérebro. Atingindo o chakra da Coroa, traz insuperável bem-aventurança. O devoto a conhece porque experimenta uma espécie de orgasmo sexual dentro da cabeça, com a união das glândulas pituitárias e pineal no terceiro ventrículo. Quando esse processo está por ocorrer, não é incomum que os músculos abdominais e os órgãos da região pélvica sejam puxados fortemente para cima e uma cavidade se forme no centro do abdome. À medida que ojas passa em sua ascenção, os órgãos e músculos afrouxam sua tensão e relaxam.
Eis uma citação direta da Escritura Sagrada chamada Hatha Ioga Pradipika:
O mestre Vajroli alcança Siddhi (poderes psíquicos) por seus próprios esforços, mesmo quando não segue precisamente as regras da ioga. Por isso, são necessárias duas coisas difíceis de encontrar. Uma é o leite e a outra é o co-praticante bem na faixa de comunicação. O Bindu (a essência do sêmen) deve ser puxado para cima por contração, seja para o homem, seja para a mulher. Quem pratica Vajroli alcança Siddhi.
O Bindu do clímax deve ser retido e preservado no próprio cérebro. Aquele que for capaz de reter o clímax torna-se mestre da morte e conhecedor da ioga, pois a descarga de Bindu traz a depressão e suas consequências, enquanto a retenção traz a vitalidade, vigor, poder e concentração. Se o Bindu está firme, onde está então o temor da morte? O Bindu que é controlado pelo poder da mente confere vida. Por essa razão, o Bindu deve ser cuidadosamente controlado. O orgasmo deve ser preservado pela poderosa contração dos órgãos genitais.
O verdadeiro Samadhi é experimentado somente depois que a essência ojas do fluido seminal começa a se elevar. Os chakras e nervos etéricos - ida, pingala e sushumna - têm exatamente a mesma estrutura no homem e na mulher. O poder da Kundalini é também o mesmo. A única coisa que difere, como dissemos, é a consistência do fluido seminal. Nesta era da Kali Yuga (a Idade Cósmica, ou ciclo de tempo, através do qual a humanidade está passando em nosso planeta Terra), o homem parece não entender a suprema importância de conservar o fluido seminal. Considerando que uma gota infinitesimal contém inúmeras sementes germinativas, uma das quais, implantada no óvulo feminino, começa a formação de uma nova forma humana - certamente isso fala de seu misterioso poder criativo. Cada gota é preciosa. Com a prática seja da continência (auto-restrição), seja do celibato (negativa total), seja do Tantra, a meditação torna-se mais fácil. Quando o homem aprende a conservar e transmutar os fluidos do sêmen, gera dentro de si a essência vital necessária para reter a juventude indefinidamente. Perda de sêmen significa perda de força, beleza, juventude, magnetismo, poder curativo e radiância interna e externa. Portanto, cada aspirante é instruído por seu guru a entesourar e conservar cada gota do fluido de ouro.
Fonte: Kundalini e a Terceira Visão - Editora Record
Earlyne Chaney e William L. Messick
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